Entrevista com Pedro Barbosa, autor do livro "Harvard Trends 2013"

Docente universitário aponta alguns dos principais desafios atuais que as empresas têm de enfrentar ao nível da gestão e do marketing

O SIM é um espaço online de perspetivas, partilhas, entrevistas e informações inspiradoras

Este é um blogue da LivingBetweenMedia e move-nos a vontade de ver as coisas por um ângulo diferente!

Somos aquilo que lemos? É possível ganhar novas competências na leitura?

Saber escolher as fontes e interpretá-las corretamente é uma competência fundamental numa sociedade onde a informação é aparentemente excedentária

As redes sociais são um desafio para as empresas

Aprender a gerir a presença nas redes sociais é fundamental. A potência viral destas redes funciona para o bem e para o mal

Educar para os media é abrir o olho para o mundo real

No mundo global, um cidadão que saiba interpretar o papel dos media é mais competente em qualquer profissão. A LivingBetweenMedia partilha essa visão

terça-feira, 27 de novembro de 2012

LivingBetweenMedia na Católica Porto Business School

O que têm em comum as empresas e os jornalistas? Numa empresa, o fluxo informativo não se circunscreve aos departamentos de comunicação e/ou de marketing. 

Na era em que as redes sociais vieram transformar o ritmo das redações dos órgãos de comunicação social, fazendo surgir novas e rápidas fontes de informação, é imperioso que as empresas compreendam os novos desafios do funcionamento do sistema mediático.

O novo paradigma comunicativo concede aos consumidores a possibilidade de co-criarem notícias e mostram uma crescente proximidade para com os jornalistas, o que transfere para as empresas a acrescida responsabilidade de perceber os critérios de noticiabilidade e a importância da clareza e honestidade na emissão das mensagens lançadas para o mercado. E numa empresa, todos comunicam e todos são potenciais fontes, diretas ou indiretas, de informação.

Estes temas serão abordados, amanhã, quarta-feira, pela LivingBetweenMedia na Católica Porto Business School num seminário no Curso Geral de Gestão.

segunda-feira, 26 de novembro de 2012

Viana do Castelo é a estrela em grupo do Facebook

Pode um grupo criado numa rede social mobilizar milhares de pessoas a partilhar as suas fotografias? Sim. Pode esse espaço virtual ser dedicado apenas a imagens de um distrito de Portugal? Sim. E pode o projeto extravasar o virtual e transformar-se numa obra artística e solidária no mundo real? Sim. O “Fotografias de Viana de Castelo” é um grupo de utilizadores do Facebook criado há quase dois anos e já conta com mais de 3.500 fãs. Esta ideia de amigos é hoje uma referência para muitos amantes da fotografia. 

Os grupos do Facebook são uma ferramenta cada vez mais popular. Aqui os utilizadores da rede social podem partilhar e discutir ideias de interesse pessoal e/ou profissional. Nesta plataforma estabelece-se uma espécie de relação “win-win” onde a informação produzida por todos os membros em conjunto acaba por criar valor importante para todos eles. 

E numa era onde o multimédia impera, quem partilha informações, ideias ou opiniões, pode fazer o mesmo em relação a vídeos, sons ou fotografias. E foi esta última hipótese que inspirou quatro amigos de Viana do Castelo, que pensaram na aplicação do Facebook para partilhar as imagens que capturavam pela cidade. 

Se calhar, o que os fundadores não estavam à espera, era da enorme adesão das pessoas ao grupo que criaram na rede social. Vários amigos foram aparecendo e muitos começaram a partilhar também as suas fotos tiradas no distrito. Hoje, o “Fotografias de Viana do Castelo” conta com mais de 3.500 membros e milhares de imagens exibidas. 

O grupo tem dado azo à crítica e opinião fotográfica, à análise de estilos e gostos diferentes e à divulgação de eventos. É uma forma de estar, onde o convívio e a troca de experiências, na sua vertente lúdica, são uma fonte de inspiração. Mas o impacto das redes sociais permitiu dar o salto e ir mais além. 

O grupo dinamizou desafios temáticos, onde os utilizadores são incentivados a procurar uma imagem ideal em função de um tema concreto, sendo as melhores fotos votadas depois pelos membros. Temas como “Pontes”, “Vida Animal”, “Varandas” ou “Preto e Branco”, em Viana do Castelo, claro está, já serviram de teste ao toque requintado de fotógrafos profissionais e ao experimentalismo curioso de amadores. 

Os utilizadores têm elevado o nível e a qualidade dos trabalhos e a transposição do projeto para o “mundo real” acabou por ser natural. A realização de exposições foi o passo seguinte, sendo de realçar o cariz solidário de alguns dos eventos. No final de 2011, a exposição "Um ano em fotografias" deu apoio à associação "O Berço", dedicada ao acolhimento temporário de crianças. Uma mostra de 365 fotos, escolhidas entre mais de 5.000 imagens e colocadas à venda, serviu para angariar dinheiro para ajudar a instituição em causa. 

Pessoas comuns podem criar valor para a sociedade e dinamizar os outros em prol de um tema. As redes sociais potenciam isso e fazem muito mais. O “Fotografias de Viana do Castelo” faz mais do que muitas entidades oficiais para a promoção turística do distrito. Ao mesmo tempo, é um ponto de abrigo para amantes de fotografia e uma presença dinamizadora no mundo real. Esta iniciativa até conseguiu gerar impacto nos media televisivos. Para as boas ideias, o céu será sempre o limite.



Fotos de Viana do Castelo
Essa foto de Viana do Castelo é cortesia do TripAdvisor

domingo, 25 de novembro de 2012

Futuro dos jornais no digital pago ameaçado pelos liveblogs



O diretor do El Mundo deu uma interessante entrevista ao Dinheiro Vivo sobre o futuro dos jornais. A ideia é simples: a idade de ouro dos jornais está para chegar, mas numa plataforma fundamentalmente, se não mesmo unicamente, digital. Serão conteúdos pagos para uma "grande minoria" de leitores que procuram informação feita por especialistas, isto é, jornalistas. Acho que esta visão é interessante, mas o entrevistado parece passar ao lado, pelo menos nesta entrevista [não digo que as ignore], de algumas realidades que já estão on moving. Os geradores de notícias ou media awareness não são desde há anos um exclusivo da comunicação social. A retransformação dos media para a hipotética fase do 100% digital pode acontecer, mas o mundo não parou durante esta crise de identidade da comunicação social. E é aí que as contas do diretor do El Mundo podem (ou não) estar erradas.



Crise dos media tradicionais caracteriza-se por estes terem um pé no papel e outro no digital

Source: mashable.com via Victor on Pinterest





Eu destacaria as seguintes passagens da entrevista:

a) Estamos a viver aquilo que Gramsci definiu como crise: quando o velho [o papel] ainda não desapareceu e o novo ainda não nasceu [o digital autosustentável].

b) A informação gratuita na internet tem os dias contados, não é financeiramente sustentável, foi uma burrice dos editores. [...] A solução é fazer pagar "a grande minoria que quer mesmo ler".

c) A banca de jornais está condenada a desaparecer.

d) O que acontecerá é mais simples: forçados a assinar os jornais de qualidade se os quiserem ler, os leitores vão progressivamente mudar-se para os tablets e smartphones, também eles cada vez mais baratos, porque é apenas aí que vão estar disponíveis as aplicações desenhadas pelos jornais.

e) O papel não é a nossa essência, é a nossa origem - o que é diferente. A essência é a informação que só os jornais de qualidade sabem produzir.

f) A migração para os tablets permitirá acabar com os custos de impressão e distribuição. "Estamos a falar de menos 50% de custos fixos! É uma poupança extraordinária para qualquer negócio".

A essência dos media é a qualidade de informação e é aí que teremos de regressar, mas agora numa linguagem e formatos digitais. É o mito do eterno retorno à essência  [qualidade de informação] e não à origem [o papel].

A EVOLUÇÃO DOS MEDIA
(carregar na imagem para melhor visualização)
Evolução dos media inspirada nas ideias de Pedro J. Ramírez, na entrevista ao Dinheiro Vivo


A situação atual, caracterizada pela crise de identidade dos media e pelas inúmeras dúvidas sobre os caminhos futuros, não poderá ignorar a concorrência real, mesmo na captação de publicidade, pelos meios independentes [free & earned media], com poucos recursos mas com suficiente capacidade de atrair públicos. Não me irei alargar muito neste post, mas chamo a atenção para dois aspetos:

1) O público potencial de jornais norte-americanos e espanhóis, como os citados na entrevista do diretor do El Mundo é muito maior nesses países, garantindo a autosustentabilidade financeira de um  modelo de negócio assente no jornalismo de qualidade e, logo, com investimento avultado no capital humano que permitirá diferenciar o produto dos free & earned media, como é o caso dos blogues. A realidade do El Mundo, por exemplo, com 24 milhões de utilizadores, não é aplicável diretamente a Portugal.

2) Um estudo muito recente de Neil Thurman e Anna Walters, da City University London’s Journalism School, sobre liveblogging diz que é este que se está a tornar no formato padrão para cobrir notícias de última hora, eventos desportivos e notícias de agenda, tais como as relacionadas com  as eleições presidenciais nos EUA. Segundo, Thurman, os liveblogs em Guardian.co.uk receberam 300% mais visualizações e 233% mais visitantes do que os sites convencionais de notícias online sobre o mesmo assunto. Eles também conseguem ficar à frente nas consultas de galerias de fotos online, obtendo 219% mais visitantes. O estudo chama-se Live Blogging - Digital Journalism’s Pivotal Platform?

Ou seja, é um engano pensar que os problemas dos jornais terminam quando o digital for economicamente autosustentável (com ou sem conteúdos somente pagos) e o papel morrer. O mundo não ficou nem ficará parado à espera que os velhos media tenham uma proposta de valor que ignore o papel e ofereça um digital de indubitável qualidade. Quando a crise dos media passar (ver esquema em cima), não surgirá um campo florido com meia dúzia de players especializados a digladiarem-se por espaço no mercado. Espaço de leitores pagantes e espaço de publicidade paga, entenda-se.

A proliferação das redes sociais, nomeadamente dos liveblogs, assemelha-se a um enxame de abelhas: cada uma por si pode parecer pequena e picar pouco, mas todas juntas constituem (agora e no futuro) um colossal desafio à qualidade dos media renascidos para o digital a 100%. O futuro está ao virar da esquina.

Prometo voltar a este tema noutras ocasiões.





sábado, 24 de novembro de 2012

No Danúbio, entre Buda e Peste

Tive a sorte de estar uns dias a conhecer Budapeste, capital da Hungria. Respira-se um ambiente cosmopolita que não se confunde com opulência. Os húngaros parecem constituir um povo sóbrio, orgulhoso, com uma classe média culta e profundamente embrenhada nas suas fortes tradições ligadas à música clássica. Apreciam arte e prova disso é uma excelente exposição de Cézanne que ainda decorre na capital, mais precisamente no Museum of Fine Arts.

Fiquei instalado em Buda e visitei com frequência o lado Peste, que ao contrário do que o nome possa indiciar é a margem mais interessante da cidade. É onde estão as ruas mais comerciais, os cafés e restaurantes mais peculiares, os museus, a câmara municipal e a Basílica de St. Stephen. Foi neste último monumento, de linhas arquiteturais neoclássicas e que só foi terminado em 1905, após mais de meio século de construção e percalços, que assisti a um dos mais belos concertos de música clássica protagonizado pelos alunos da  Liszt Academy.




Do rio que tudo arrasta, diz-se que é violento. 
Mas ninguém chama violentas às margens que o comprimem.
Bertolt Brecht
Perspetiva do Danúbio a partir da Ponte das Correntes. Buda do lado esquerdo e Peste do lado direito



O lado Peste do Danúbio na capital húngara. As margens só foram ligadas no século XIX

Széchenyi Lánchíd  (Ponte das Correntes) é uma ponte pênsil de 375 mts
de extensão e foi inaugurada em 1849


Basílica St. Stephen, em Budapeste



sexta-feira, 23 de novembro de 2012

Paulo Futre e a senhora que não roubou o tacho da vizinha

Uma senhora do Alentejo submeteu-se, hoje e em direto, ao polígrafo da TVI. Sim, é verdade. Ela garantia que não tinha roubado os tachos de cobre da vizinha. Nem o fogão dessa mesma vizinha. E muito menos o almofariz. É preferível que ponham o Paulo Futre em tudo o que é canal televisivo, revistas, jornais e rádios. Pelo menos faz-nos rir. É caso para dizer: volta Paulo, estás perdoado sócio! 

Foi com o olhar atento da apresentadora Fátima Lopes e sua audiência do programa "A Tarde é Sua", nos momentos em que não era proferido um exaustivo número telefónico mágico para o qual se devia ligar para ganhar 10 mil euros, que um “professor” com pronúncia espanhola, um grande “especialista” destas andanças e com uma relação tu lá tu cá com o polígrafo, confirmou e ditou, que nem um juiz, a sua sentença: a senhora não roubou os tachos de cobre da vizinha. Nem o fogão da vizinha. E muito menos o almofariz da vizinha. 

Compreendo a luta pela audiência. Entendo a necessidade de se obterem resultados que se traduzam em share. Sei que o mercado publicitário está a viver sérios desafios e que a televisão, paulatinamente, tem perdido força porque os telespetadores vão-se dispersando nas plataformas. 

A realidade é que, ao final da tarde, há bastantes pessoas em casa a ver televisão e que, a todo o custo, para além do aliciamento com dinheiro fácil, é imperioso “congelá-las” em frente a esta “máquina da verdade”, como lhe chamam, levianamente, os responsáveis do programa. A máquina, a título de exemplo, já motivou a ida de pessoas à TVI para provar que não traíram a namorada; não fizeram bruxarias; nem sequer roubaram a patroa. 

Mas esta história do polígrafo e da senhora que, supostamente, não roubou os tachos de cobre da vizinha, está longe de ser a tábua de salvação na luta pelas audiências. É uma questão de tempo. E de moda. Porque depois vem a verdade e tudo se descobre. 

Há uns meses, uma senhora britânica aparecia no mesmo canal a contactar com os mortos. Anne Germain comunicava com os entes queridos, que já tinham partido, não de uma senhora qualquer do Alentejo ou do interior do país, mas sim de figuras mediáticas portuguesas. A audiência da TVI aumentou. Porém, com o tempo o programa deixou de impressionar. 


A vidente saiu do ecrã português. Foi pregar a outra freguesia, desta feita para o país vizinho, fazer o mesmo num programa televisivo espanhol no canal Telecinco. Um jornalista do El Mundo foi investigar a senhora. O seu passado e presente. Descobriu que ali, tal como aqui, era tudo uma farsa: a produção entregava um dossier exaustivo, em inglês, sobre o passado dos convidados, que incluía informações sobre os seus antepassados falecidos e pagava, à vidente, uma pipa de massa. 

Em Portugal houve pouco eco dessa investigação jornalística, que pode ler aqui e aqui, cuja gravidade vai para além das responsabilidades de Anne Germain e abraça, ou deve abraçar, a produção do programa e da estação televisiva em si. 

A pseudo vidente foi embora, agora veio o espanhol com o polígrafo, depois há-de vir outra coisa qualquer. Mas pode ser que, até lá, quem está em casa veja uns desenhos animados divertidos, uma série televisiva que faça descontrair, um programa que enriqueça os seus conhecimentos ou então aproveite para dar uma voltinha a pé. Mal por mal, que venha o Futre.

Marta Araújo

quinta-feira, 22 de novembro de 2012

Já conhece o jogo das marcas?


Acha que sabe muito sobre marcas? Este é um universo que está associado a quase tudo o que nos rodeia. Mas será que lhe damos a devida atenção no decorrer do nosso quotidiano? Estaremos nós atentos a determinados pormenores ou curiosidades? Agora terá a possibilidade de colocar os seus conhecimentos à prova. Tudo porque a Concentra acabou de lançar no mercado português o “Logo – O Jogo das Marcas”, um novo produto que pode muito bem ser “aquele” presente de Natal que andava à procura. 

São mais de 1.500 perguntas sobre algumas das maiores marcas nacionais e internacionais. Tudo isto adaptado a um interessante e criativo jogo de tabuleiro que mais não é do que uma versão portuguesa de um famoso jogo britânico intitulado "The Logo Game". Em Portugal, este produto recebeu o nome de "Logo - O Jogo das Marcas" e promete muita diversão entre amigos e familiares, já que inclui questões relacionadas com o reconhecimento do logótipo das marcas ou perguntas sobre conhecidos slogans de publicidade e factos curiosos relacionados com as mesmas. 

As principais marcas internacionais marcam presença neste jogo, mas o principal destaque é dado às marcas portuguesas e respetivas características e curiosidades. Muitas perguntas vão surpreender pela atualidade do tema, enquanto outras vão apelar às memórias de infância e juventude dos mais crescidos.

E pode começar a testar os seus conhecimentos agora mesmo, uma vez que a Concentra disponibilizou uma versão online do jogo (e gratuita), para praticar e ensaiar respostas até que o jogo "físico" chegue a casa dos interessados. Regina, Pintarolas, Bom Petisco, Nobre, Delta Cafés, Sumol, Compal, Renova, Triunfo, PT, Via Verde e EDP, entre muitas outras, são algumas das marcas portuguesas que estão presentes no jogo, contando cada uma com cerca de uma dezena de perguntas sobre si, relacionadas com imagens, temas gerais ou factos distintos.

Muitas empresas incluídas no jogo estão a aproveitar a oportunidade para se associarem a este lançamento.  A estratégia tem passado por comunicar, em separado, a sua presença neste produto. O Natal está à porta e esta é, sem dúvida, uma forma de distinguir positivamente as marcas, não fossem os jogos e os brinquedos um dos segmentos de produtos mais procurados pelas famílias nesta altura.

O “Logo – O Jogo das Marcas” está recomendado para maiores de 12 anos, sendo que o preço do produto ronda os 30 euros. O mesmo pode ser adquirido em lojas de brinquedos e grandes superfícies como Continente, Jumbo, El Corte Inglés, Fnac, Makro e ToysRus.

quarta-feira, 21 de novembro de 2012

Descobrindo Madrid – Parte II: Zoo Aquarium


Na segunda incursão por lugares especiais de Madrid, vamos falar do Zoo Aquarium. Em família, a dois ou entre amigos, este é o local ideal para quem pretende fugir, nem que seja por algumas horas, ao ritmo frenético de uma grande cidade europeia. Não faltam razões para explorar e desfrutar de uma estrutura que reúne zoológico, aquário, delfinário e aviário.

A história do Zoo de Madrid remonta a 1770. Foi nesse ano que o rei Carlos III fundou a “Casa de las Fieras”, que exibia animais capturados nas colónias americanas, embora também acolhesse exemplares europeus, africanos e asiáticos. Mais tarde, em 1972, o recinto reabriu na Casa de Campo, parque natural de 1800 hectares, o principal pulmão verde de Madrid. 

Projectada em 1560 por Filipe II, que também foi rei de Portugal, para ser uma zona de caça, a Casa de Campo tornou-se parque público em 1931. Aquele terreno é hoje é uma das maiores atrações madrilenas e inclui, além do zoológico, um parque de diversões, um lago artificial e o teleférico da cidade, cuja travessia permite uma privilegiada vista panorâmica para a cidade. 

Para quem preferir os transportes públicos e vier do centro da cidade, o metro e o autocarro são excelentes opções para visitar o Zoo Aquarium. As estações mais próximas ficam apenas a 10 minutos a pé. O teleférico também é uma possibilidade, mas só para apreciadores da natureza, pois o trajeto implica depois uma caminhada de 30 minutos até ao recinto. 

Logo à entrada do jardim zoológico, uma surpresa. Ao contrário do que acontece noutros espaços do género, onde não é permitido alimentar os animais, os visitantes têm a possibilidade de o fazer se comprarem no local a comida apropriada para a alimentação de algumas aves e ursos. 


A partir daqui, começa o périplo por uma vasta amostra de fauna e flora. São mais de 500 espécies e cerca de 6.000 animais. Mas antes, é preciso ter o cuidado de adquirir um mapa do parque para não nos perdermos no meio de tanta bicharada. É que o mapa não está incluído no preço do bilhete (22,25€) e custa 0,60€. 

Ultrapassada a questão anterior, a primeira impressão que salta à vista é a proximidade dos animais, sem que isso traga problemas de segurança. É uma agradável sensação, que tem um efeito hipnótico nas crianças, extremamente atentas a tudo. E os pais, de guia na mão, vão alimentando a curiosidade dos filhos.

Os habitantes do zoo estão distribuídos pelos continentes de origem. Não faltam leões, tigres, gorilas, girafas, águias, zebras, golfinhos, leões-marinhos ou tubarões, mas numa cidade que tem o urso como símbolo, esta espécie tinha de ser uma das apostas. Os pandas são as estrelas da companhia e têm multidões a observá-los. Mas também os ursos pardos, malaios, negros e tibetanos são protagonistas, divertindo o público que lhes atira comida. 




Estamos habituados a encontrar animais exóticos e selvagens num zoológico. Eles estão no Zoo Aquarium, mas partilham o espaço com espécies mais familiares, que poderíamos ver numa quinta, como galinhas, porcos, ovelhas, cabras, patos, burros e cavalos. A decisão faz todo o sentido e o conceito resulta. Nos grandes centros urbanos, muitas crianças e adultos nunca viram, ao vivo, alguns animais domésticos e ali até têm a possibilidade de lhes tocar. 

Neste parque existe um delfinário com capacidade para 3.000 pessoas, onde se fazem espetáculos com golfinhos e leões-marinhos. Poucos metros ao lado, encontra-se o Aquarium, um edifício com quase dois milhões de litros de água e 35 aquários onde se podem ver mais de 200 espécies marinhas. E há ainda o aviário, no qual está uma grande quantidade de aves exóticas e de rapina, que podem ser observadas em cativeiro ou sessões de voos livres.
O Zoo Aquarium de Madrid é um local para se apreciar com tempo. Exige horas para ser explorado de uma ponta a outra, mas revela-se, sem dúvida, um programa bem passado. Tão perto de uma vida cosmopolita intensa, onde abundam as atrações, este é um espaço bem tratado e agradável, em que a natureza se consegue tornar o centro de todas as atenções.


Zoo Aquarium de Madrid







segunda-feira, 19 de novembro de 2012

Katalin ou a pequena estrela de cinema que viveu um sonho

O sonho (a vida ideal): Mari é o nome do protagonista de um filme premiado em Berlim e candidato a Óscar em 2012
O sono (a vida real): Katalin Toldi (Mari) no seu bairro cigano, na Hungria


Entre o sono e sonho,
Entre mim e o que em mim
É o quem eu me suponho
Corre um rio sem fim.
Fernando Pessoa


Conheci Katalin há dias, num bairro húngaro de ciganos. As casas não têm água corrente e são de uma pobreza extrema. Mas Katalin tem uma consolação: ele é a estrela de cinema da comunidade cigana na Hungria. Há cerca de dois anos, o líder da comunidade cigana recebeu um telefonema de Bence Fliegauf, um realizador húngaro que precisava de um "ciganito" para um filme que iria ser produzido em Berlim por húngaros, alemães e franceses. A produção tornou-se um enorme sucesso. Chama-se Just the Wind. Não é um documentário, mas quase. Retrata o sofrimento dos ciganos húngaros, que representam 10% da população do país. O filme ganhou o Grande Prémio do Festival de Cinema de Berlim. É finalista do Lux Prize, do Parlamento Europeu, e é candidato ao Óscar de Melhor Filme Estrangeiro, cujas nomeações serão conhecidas no dia 15 de janeiro próximo.

Katalin foi viver dois anos para Berlim, sem os pais. Deram-lhe cama, comida e roupa lavada, para além de alguns brinquedos. Dois anos de sonho, longe da miséria. Depois foi devolvido à sua comunidade cigana em Szolnok. O pai e o líder da comunidade dizem que o miúdo foi explorado. Os seus direitos não foram acautelados porque não tinha a companhia dos pais ou de qualquer adulto da sua comunidade. Chegaram a prometer-lhe um apartamento, sim isso mesmo: aquelas casas com quarto-de-banho, água corrente, cozinha a gás e aquecimento, algo que nós achamos vulgar. Veio sem nada na mão. Regressou apenas com os horizontes mais abertos e já vai à escola de boa-vontade, algo assinalável na comunidade cigana.

Antes de saber de toda a sua história, perguntei-lhe se tinha vindo rico da sua aventura em Berlim. Ele riu-se para o pai e abanou a cabeça. Pedimos para lhe tirar fotografias, mas a típica timidez de um miúdo simples não o fez aceder imediatamente. Dois anos não foram suficientes para ganhar tiques de estrela de cinema. Mas certamente ganhou a noção de como é possível viver melhor do que em sua casa. Ganhou a capacidade de sonhar. "As pessoas vivem felizes?", perguntámos ao líder da comunidade cigana. "We dream small", respondeu-nos, com a ajuda de uma tradutora do governo húngaro. "Sonhamos pequeno", é a tradução literal. Mas os olhos de Katalin não mentem. Ele ganhou a capacidade de "sonhar grande". Boa sorte, Katalin, na escola, na vida e nos Óscares de Hollywwod, a terra dos sonhos!


domingo, 18 de novembro de 2012

O marketing ganhou um novo M

Os pára-brisas do carro protegem os raios ultravioletas das rugas, os ginásios deixam de ter olhares masculinos repletos de avaliações, as taxas de juro dos produtos financeiros são pensados a preceito. O marketing ganha, assumidamente, um novo M de MULHER. Os produtos e serviços só para mulheres vieram para ficar. 

A economia rendeu-se aos saltos altos e o marketing, como não podia deixar de ser, acompanha o passo. Por via da moda, os fatos de executiva podem continuar a ser cinzentos e os sapatos até podem ter um certo ar masculino, mas o universo feminino, principalmente aliado às mulheres com poder, tem cada vez mais cor, luxo e exclusividade. E dinheiro. Havendo dinheiro, há segmentação. 

Não faltam exemplos de carros que até há um par de anos piscavam o olho ao segmento feminino mas sem o dizer abertamente na sua comunicação. Aquele tipo de veículos que um homem jamais compraria para si. Pois bem, eis que em julho de 2011, e fruto de um casamento assumido entre as marcas Fiat e Gucci, nasceu o Fiat 500 Gucci: um produto destinado exclusivamente ao público feminino. O design e o glamour eram o seu forte.



No entanto, a marca Honda acaba de dar um passo em frente nesta segmentação. E sem medos. O modelo Fit She’s encontra-se à venda, para já, apenas no mercado japonês e mais do que design e cores a pensar especificamente nas mulheres, implementa tecnologia que atenta às nossas necessidades. Ora vejamos, e só a título de exemplo: para evitar as rugas, o pára-brisas impede a passagem de raios ultravioletas, a temperatura do ar condicionado está pensado de forma a não secar a pele nem estragar a maquilhagem. 

A pensar no universo de mulheres ativas que necessitam de um espaço onde possam cuidar do seu bem estar físico, englobando os cuidados alimentares, mas distantes dos olhares de censura – ou aplausos – da ala masculina, foram criados ginásios onde os homens não entram, mesmo no que ao núcleo de profissionais e colaboradores diz respeito. O Curves e o Vivafit são exemplo disso. Existem em Portugal e o negócio está a correr bem. 

Exemplos de áreas de atividade que têm apostado também no reino das mulheres é a banca e os seguros. O conjunto de soluções da Caixa Woman, da Caixa Geral de Depósitos, foi pioneira em Portugal e outros seguem-lhe os passos, como é o caso do Crédito Agrícola, com a CA Mulher, no qual se incluem os cartões de crédito, mas também os seguros e os depósitos. As suas mais valias passam, para além de descontos em compras de determinadas marcas, pela existência de seguros de saúde e produtos financeiros específicos para clientes do sexo feminino. 

E é precisamente pelo facto de as mulheres ocuparem cada vez mais cargos de importância, do ponto de vista social, empresarial e governamental, que lhes confere acesso a mais poder de compra e predisposição para adquirir e frequentar serviços de produtos que respondam às suas necessidades. Hotéis e restaurantes pensados para mulheres executivas (a primeira foto do post ilustra o Hotel Bella Center, em Copenhaga, Dinamarca) e computador portáteis "woman-friendly" (como este), são mais alguns exemplos disso. 

Em jeito de curiosidade, o Metro do Rio de Janeiro, no Brasil, passou a ter carruagens exclusivas para mulheres. Basta olhar para o mercado e perceber. O marketing ganhou mesmo um novo M que apenas agora começa a ser explorado…mas com saltos altos.

Marta Araújo

sexta-feira, 16 de novembro de 2012

Já ouviu falar de cabeleireiros infantis?

A ida de uma criança ao cabeleireiro costuma ser uma missão complicada para os pais. Chegados aos salões para adultos, onde tudo é grande e aborrecido, os pequenos clientes ficam irrequietos, assustados e impacientes. A pensar nisso, há um novo tipo de atividade que tenta contrariar essa tendência: os cabeleireiros infantis, espaços coloridos e animados, onde os cortes de cabelo, entre outros serviços, se transformam em puro divertimento. 

Muitos negócios têm surgido para dar resposta necessidades específicas dos consumidores. Os cabeleireiros para crianças são um desses casos. Trata-se de uma área em crescimento na Europa (Portugal incluído) e nos Estados Unidos, que tem tido boa receptividade e implementação nas zonas urbanas. 

Mas como funcionam estes espaços? Num ambiente cheio de cor e atrações, os pequenos clientes podem sentar-se em cadeiras especiais, com formas de carros de corridas e animais, entre outras, nas quais podem ver, confortavelmente, desenhos animados num televisor. Já os meninos e meninas que aguardam vez têm muito com que se entreter: experimentar penteados, fazer desenhos, jogar videojogos ou comer guloseimas. E quase nem se dá conta do momento em que a tesoura entra em ação. Além do corte de cabelo, os serviços destes salões incluem penteados, manicure, maquilhagem, babysitting, pinturas faciais e fotografias. 

Em cidades como Lisboa e Porto, já existem espaços do género, como é o caso da Baetas&Cª (ver primeira imagem). Alguns deles também possuem zonas dedicadas aos pais, onde se podem encontrar áreas dedicadas à venda de produtos de higiene, roupa e bijuteria infantis. No final, os pais poderão receber uma madeixa de cabelo dos filhotes para mais tarde recordar, enquanto os mini clientes levam um diploma de primeiro corte, se for o caso, ou fotografias do momento. 

No país vizinho, a loja de brinquedos Imaginarium foi das primeiras a apostar neste segmento. E foi tão bem sucedida que outras marcas lhe seguiram o rasto. Foi o caso da Fashion Kids (foto ao lado), rede de cabeleireiros infantis, criada em 2006 para crianças dos 0 aos 14 anos, que conta atualmente com cerca de 20 lojas em Espanha.

No Reino Unido, em Londres, o conceito está ainda mais aprimorado. Por exemplo, o cabeleireiro infantil Tantrum divide-se em dois pisos, um para menores de sete anos e outro para maiores de oito. Ali, o espaço é aproveitado para festas de aniversário, sendo que é também comercializada uma linha infantil, de marca própria, de produtos para o cabelo. 

Do outro lado do Atlântico, este tipo de negócio existe há mais tempo. O Apple Seeds, um ATL de Nova Iorque, já o faz há 20 anos e põe o marketing em ação. Por exemplo, se os clientes forem gémeos, o segundo paga apenas metade. E é também em Nova Iorque que está a Beehives and Buzzcuts (ver foto em baixo), que a revista Time Out distinguiu como melhor cabeleireiro infantil da cidade. Não faltam os diplomas de primeiro corte, lavagens gratuitas e serviços de manicure e pédicure. Em acréscimo, há festas temáticas para todos os gostos: tropicais, piratas, princesas ou rock&roll.

Uma boa ideia de negócio pode estar mesmo à frente dos nossos olhos. E com soluções destas, levar as crianças ao cabeleireiro vai deixar de ser um problema.


Bruno Amorim


terça-feira, 13 de novembro de 2012

Postar sim, mas com cuidado


É uma espécie de campainha. Um buzina que alerta bem alto. E apesar de ter sido pensada para veicular a mensagem para os jovens, o seu conteúdo tem tudo para sortir efeito nos adultos e até mesmo na terceira idade. O segredo poderá estar no facto de utilizar dois paradigmas comunicativos num só, ou seja, através do antigo, explicar os desafios do novo.

Estejamos nós a falar das redes sociais, de blogues ou sites, a realidade é uma: independentemente da idade que tenhamos, da formação que possuímos, da profissão que desempenhamos, da classe social que ostentamos ou mesmo dos gostos gastronómicos que temos, aquilo que colocamos online – ou ‘postamos’, como agora se diz – foge ao nosso controlo. Logo, requer uma saudável responsabilidade da parte de quem está na rede.

Trata-se de um vídeo interessante, explicativo, intergeracional e, convém sublinhar, bem ao estilo americano. Ver não custa e partilhar com quem achamos que possa ser útil, serve de memória e, quiçá, torna-se um verdadeiro gesto de solidariedade.

Fica o desafio para, de quando em vez, e principalmente em família, darmos uma vista de olhos neste vídeo. Só para lembrar! Pode vê-lo aqui em baixo.



Marta Araújo

segunda-feira, 12 de novembro de 2012

D.Quixote: Criar Modelos de Negócio



Eis um livro prático sobre modelos de negócio. Não é uma novidade acabada de sair, mas vale a pena ir ao baú dos infinitos lançamentos editoriais para retirar de lá uma obra técnica que está longe de ser um mero exercício teórico. Vale a pena ler com atenção e ir buscar ao modelo proposto a aprendizagem necessária para fazer algo de raiz ou modelar um negócio já existente. 

Da autoria de 470 profissionais especialistas em modelos de negócio, originários de 45 países, este livro foi financiado e produzido sem o apoio da indústria editorial tradicional. Os escritores da obra são Alexander Osterwalder & Yves Pigneur. Curiosamente, o livro em Inglês e em formato PDF está disponível aqui.

O modelo base de partida é simples, como acontece sempre com as boas ideias.



1. Segmentos de clientes devem ser identificados e caracterizados. Conheça os seus clientes!
2. Propostas de valor procuram resolver problemas dos clientes e mantê-los satisfeitos. Em que se diferencia ou destaca o nosso produto ou serviço?
3. Os canais de comunicação, distribuição e vendas servem para entregar ao cliente as nossas propostas de valor.
4. As relações com os clientes são estabelecidas e mantidas com cada um dos segmentos.
5. Os fluxos de rendimento representam o dinheiro que cada segmento gera para a empresa, sendo que os custos devem ser subtraídos aos rendimentos para obter o lucro.
6. Recursos-chave são os ativos necessários para que seja possível a entrega da proposta de valor ao cliente final (recursos humanos, físicos, entre outros).
7. Atividades-chave são todas aquelas tarefas essenciais para que o modelo de negócio funcione com sucesso (desenvolvimento de software é a atividade-chave da Microsoft).
8. Parcerias-chave prende-se com a rede de fornecedores e parceiros que fazem o modelo de negócio funcionar.
9. Estrutura de custos descreve todos os custos envolvidos na operação de um modelo de negócio (as companhias de aviação low-cost montaram o modelo do seu negócio centrado neste elemento).

Aqui pode ver um vídeo resumido do modelo:



Fugindo aos clichés de Michael Porter sobre a cadeia de valor (forma como funciona internamente uma empresa) e rede de valor (alargamento da cadeia para os parceiros externos), o livro é simples na estruturação e linguagem, estando igualmente bem recheado de exemplos de modelos de negócio que tiveram sucesso, caso da Nespresso e da Apple. Vale a pena atentar nos erros que as marcas cometeram até alcançar o sucesso. 

A sofisticação do livro não vai ao ponto de analisar o efeito de retroação da marca, criado por David Aaker, no caso da (Nes)presso, ou seja, o facto e a marca de café ter aproveitado inteligentemente o capital de valor da (Nes)tlé, criando um efeito visual e cognitivo com óbvios efeitos positivos. No caso da Apple, é referido o caso do iPod como não sendo totalmente original, o que é inteiramente verdade. Mas são os próprios autores a sublinhar a proposta de valor mais arrojada e de qualidade superior que faz com que muitos pensem que o second mover (a Apple) é o first mover, o que não é verdade. Mas o resultado está à vista.


Título: Criar Modelos de Negócio
Editora: D. Quixote
Edição: Novembro / 2011
Género: Ensaio/Técnico
N.º de Páginas: 281
Preço: 24,95 €


sexta-feira, 9 de novembro de 2012

Os alunos perguntam, o empresário responde

Já imaginou o líder de uma empresa ser entrevistado por uma enorme plateia de alunos universitários? A ideia foi pensada pela LivingBetweenMedia e pelo curso de Comunicação Empresarial do Instituto Superior de Contabilidade e Administração do Porto (ISCAP) e arrancou no dia 30 de outubro tendo por denominação "Encontros com o Mercado - Uma Empresa no ISCAP".

O primeiro convidado foi Bruce Dawson, presidente executivo do Grupo Garland, empresa com mais de 200 anos de atividade em Portugal. Este responsável aceitou o desafio e respondeu a todas as questões que os estudantes do ISCAP e, restantes participantes, lhe colocaram.

A história do Grupo Garland, assim como a do seu líder, davam um livro. A empresa começou, há mais de dois séculos, por importar bacalhau para Portugal, passando depois a produzir moeda para o Estado português no tempo do Estado Novo. A evolução dos tempos obrigou a tomar novos rumos e o grupo empresarial está agora dedicado a atividades como a logística, transportes e gestão imobiliária. Bruce Dawson falou ainda do seu percurso pessoal, dos passos trilhados até chegar ao topo da empresa e explicou como se pode gerir um negócio de sucesso por via de uma liderança de proximidade e amizade com trabalhadores, fornecedores e clientes.

Durante duas horas, a entusiasmada plateia vestiu a pele de repórter e foi debitando as suas perguntas e satisfazendo todas as curiosidades. Pelo meio, pensaram (e perguntaram) ainda no que seriam as questões feitas por jornalistas profissionais naquele momento, no âmbito das linhas editoriais delineadas por diferentes órgãos de comunicação social, fossem eles generalistas ou especializados, regionais ou nacionais, portugueses ou estrangeiros.

Parte do que foi dito poderá ser lido na notícia publicada esta sexta-feira, dia 9 de novembro,  no semanário Vida Económica (ver aqui). Este ciclo de conferências voltará a realizar-se em feveiro e maio do próximo ano com novos convidados do mundo empresarial.

Celebridades musicais, campanhas e eleições

As eleições presidenciais dos Estados Unidos não se decidem apenas por uma questão de ideologia ou promessas de mudança e prosperidade. Uma parte do eleitorado deixa-se influenciar mais rapidamente pelo apoio público que personalidades famosas da televisão, desporto, cinema e música, entre outras áreas, dão a algum dos candidatos. 

O “star system” está sempre presente nestes momentos. É uma arma jogada por ambos os candidatos, sejam eles democratas ou republicanos. As campanhas são, em grande parte, financiadas pelos milhões do sector privado, sobretudo de grandes empresas, e ganham assim o capital necessário para poder montar uma fonte de entretenimento muito eficaz na caça ao voto. 

A lógica é simples. A população norte-americana gosta de se inspirar nos seus ídolos e se estes apoiam Barack Obama ou Mitt Romney, uma boa parte dos seus fãs, acabará por fazer o mesmo. O investimento em ícones famosos é sempre muito forte e são vários os artistas musicais que surgem a dar o seu apoio aos candidatos. 

Por exemplo, o cantor Bruce Springsteen, conhecido por “The Boss” e pelo seu amor ao país, tornou público o apoio a Barack Obama. Para tal, compôs uma música para o seu candidato preferido, cuja letra incluía o seguinte trecho: “Normalmente a esta hora ainda estou de pijama / Bem, vamos lá votar no homem que apanhou o Osama”. 

E muitas outras celebridades musicais deram a cara por Obama. As mais mediáticas foram Madonna, Beyoncé, Jay-Z, Lady Gaga, Kate Perry, Mick Jagger, Stevie Wonder, Justin Timberlake, Kanye West, Pearl Jam e Red Hot Chili Peppers, entre outros. Uma forma de piscar o olho às diferentes gerações e aos públicos com diferentes gostos musicais. 

Mitt Romney também contou com alguns apoiantes musicais do seu lado. O hino da campanha, intitulado “Born Free” foi composto pelo músico Kid Rock (ver vídeo aqui). Por seu lado, nomes como Lindsay Lohan, Ted Nugent (Megadeath) e Gene Simmons (baixista dos Kiss) deram-lhe o seu apoio, assim como alguns nomes menos conhecidos na Europa da música “country”.

Com o avanço das tecnologias, os vídeos e as músicas de famosos espalhados pela Internet fazem parte das estratégias de marketing político. As personalidades famosas, por via da sua imagem e discurso, servem o propósito de angariar votos. Obama venceu por uma diferença apertada, mas entre as celebridades musicais, a sua vitória teve uma margem bem mais larga.

Mário P. A.

quinta-feira, 8 de novembro de 2012

“O marketing precisa de se reinventar”

Esta é a primeira de muitas entrevistas que vai poder ler no SIM. Para nosso primeiro entrevistado escolhemos João Alberto Catalão. Profundo conhecedor do mundo das vendas, o especialista em coaching e co-autor do livro “Atitude UAUme” fala-nos do seu mais recente desafio: a presidência da Associação Portuguesa de Marketing at-Retail (POPAI Portugal). Para este optimista “por vocação”, o marketing no ponto de venda ainda tem espaço para inovar.

SIM – Por que aceitou liderar a POPAI Portugal?
João Alberto Catalão - A POPAI Portugal está integrada na Associação Mundial de Marketing at-Retail (POPAI), que possui mais de 70 anos e junta mais de 1.700 empresas de distribuição, marcas e agências de marketing. Esta grandeza, em conjunto com o propósito de partilha, mexeram fortemente comigo! Adoro intervir, partilhar e formar equipas de trabalho. Tenho mais de três décadas de trabalho por esse mundo fora, conheço bem a realidade das empresas portuguesas e acredito que a partilha é a verdadeira "alma dos negócios". Por estes motivos, aceitei ser o presidente da POPAI Portugal, uma associação particularmente importante face aos novos paradigmas e desafios do mercado, pelo seu potencial de informação, formação, inspiração e reflexão.

Como qualifica este desafio, face ao momento da sociedade em termos financeiros e sociais?
Costumo dizer que cada um de nós, até pode "andar" mais rápido se fizer uma caminhada sozinho, mas acredito muito mais na ideia de que juntos vamos mais longe. O marketing precisa de se reinventar, porque o quadro de valores do consumidor mudou. Nada será como dantes e o consumidor já decidiu: ou valor, ou mais barato! Propor valor implica muita proximidade com o consumidor e envolvê-lo nas decisões, gerindo com eficácia as suas emoções. Há que saber pensar como ele! As empresas devem saber fazer mais e melhor, com menos. O manancial de experiências, estudos e espaços para reflexão e inspiração que a POPAI possui serão muito úteis às empresas e seus profissionais no atual contexto.

Que objetivos persegue enquanto presidente da POPAI?
O primeiro e grande objetivo será divulgar ao mercado os benefícios que existem em ser associado. No prazo de dois anos, queremos ter na POPAI Portugal as empresas que fazem acontecer. Já possuímos um invejável grupo de associados, mas ainda é insuficiente para a nossa segunda meta: reforçar a qualidade da relação entre consumidor, marcas e insígnias.

Com os consumidores a serem cada vez mais exigentes, que postura devem ter as marcas que atuam no mercado de retalho?
Humildade para escutar verdadeiramente o consumidor.  Compreenderem o que significa co-criação. Coragem para fazer diferente. Saberem surpreender. Saberem fazer e desfazerem para fazerem melhor (resiliência operacional).

Do seu ponto de vista, ainda há esperança para o comércio tradicional português?
Recentemente estive em Londres, no World Retail Congress (maior evento mundial de retalho), onde os grandes especialistas mostraram a seguinte visão: existe “uma ciência e arte" para saber estar no comércio, pelo que sobreviver e vender mais já não são compatíveis com amadorismo e aventureirismo. O comércio chamado tradicional (gosto mais de “comércio de tradição”), só terá sucesso se for liderado e dinamizado por profissionais devidamente preparados. Por esse mundo fora há muitos exemplos de sucesso de (r)evoluções comerciais, capazes de demonstrar que o comércio tradicional português tem muito espaço de afirmação por explorar. Pode ser preciso mudar alguns atores e reciclar algum tipo de aprendizagens, mas tenho uma forte convicção: o consumidor adora o comércio de tradição quando este sabe integrar o "fio narrativo" da sua vida. 

Para terminar, o que o faz dizer SIM?
Sou um otimista por vocação. Acredito muito no talento do ser humano. Um facto: somos seres humanos, não teres humanos. Os grandes pensadores que aprecio são defensores de que somos mais felizes quando pensamos. Eu defendo que somos mais felizes e eficazes a agir do que a reagir. Por isso, o SIM é a minha palavra preferida e uma forma de estar que recomendo. Afinal de contas, a realização de todos nós depende em grande parte das ideias que temos e da capacidade de as colocarmos em ação.

LivingBetweenMedia e ISCAP criam conferências inéditas

O Instituto Superior de Contabilidade e Administração do Porto (ISCAP) e a LivingBetweenMedia lançaram um ciclo de conferências inédito em Portugal sob o tema "Encontros com o Mercado - Uma Empresa no ISCAP", com periodicidade trimestral. A iniciativa, pensada para o curso de Comunicação Empresarial do Instituto, consiste em entrevistas realizadas pelos alunos, ao vivo, a empresários portugueses e estrangeiros, onde os estudantes simulam que são jornalistas de diferentes órgãos de comunicação social. 

A primeira entrevista, realizada no dia 30 de outubro, teve como convidado Bruce Dawson, CEO do Grupo Garland, empresa portuguesa constituída por várias subsidiárias especializadas em transporte, logística ou gestão imobiliária. No evento, os alunos e demais participantes, colocaram questões ao entrevistado e foram desafiados com exercícios de media que passaram, por exemplo, pela elaboração de questões jornalísticas de diferentes linhas editoriais. 

“Numa época em que ‘nadamos’ em informação e comunicação, não significa que estejamos mais bem informados. A educação para os media deve ser uma prioridade na formação para uma melhor cidadania. Deste modo, conseguimos atingir três metas fundamentais: os alunos exercitam as competências adquiridas nas aulas teórico-práticas, obtém-se um melhor conhecimento e notoriedade do curso de Comunicação Empresarial do ISCAP junto da comunidade envolvente, e promove-se a ponte entre Instituto e o mercado”, refere Zita Romero, diretora do Curso de Comunicação Empresarial do ISCAP. 

Já Marta Araújo, diretora-geral da LivingBetweenMedia, a primeira empresa em Portugal especializada em Educação para os Media, considera que "esta iniciativa é uma forma de os estudantes terem contacto direto com empresários e dirigentes de empresas com provas dadas no mercado e que têm grandes testemunhos a partilhar. Assim, para além de fomentar o networking entre a instituição de ensino e o tecido empresarial, é uma forma diferente e enriquecedora dos alunos, e o público do evento em geral, terem a possibilidade de assistir à realização, em direto e ao vivo, de uma entrevista por parte de jornalistas profissionais”. 

"Encontros com o Mercado - Uma Empresa no ISCAP" é uma iniciativa com uma forte componente pedagógica no que respeita ao enriquecimento cultural e à promoção das capacidades críticas dos alunos sobre o funcionamento dos media e do sistema mediático, além de os aproximar das empresas e pessoas que marcam o seu dia a dia.

As próximas iniciativas estão agendadas para fevereiro e maio de 2013 com empresários de renome.