quinta-feira, 8 de novembro de 2012

“O marketing precisa de se reinventar”

Esta é a primeira de muitas entrevistas que vai poder ler no SIM. Para nosso primeiro entrevistado escolhemos João Alberto Catalão. Profundo conhecedor do mundo das vendas, o especialista em coaching e co-autor do livro “Atitude UAUme” fala-nos do seu mais recente desafio: a presidência da Associação Portuguesa de Marketing at-Retail (POPAI Portugal). Para este optimista “por vocação”, o marketing no ponto de venda ainda tem espaço para inovar.

SIM – Por que aceitou liderar a POPAI Portugal?
João Alberto Catalão - A POPAI Portugal está integrada na Associação Mundial de Marketing at-Retail (POPAI), que possui mais de 70 anos e junta mais de 1.700 empresas de distribuição, marcas e agências de marketing. Esta grandeza, em conjunto com o propósito de partilha, mexeram fortemente comigo! Adoro intervir, partilhar e formar equipas de trabalho. Tenho mais de três décadas de trabalho por esse mundo fora, conheço bem a realidade das empresas portuguesas e acredito que a partilha é a verdadeira "alma dos negócios". Por estes motivos, aceitei ser o presidente da POPAI Portugal, uma associação particularmente importante face aos novos paradigmas e desafios do mercado, pelo seu potencial de informação, formação, inspiração e reflexão.

Como qualifica este desafio, face ao momento da sociedade em termos financeiros e sociais?
Costumo dizer que cada um de nós, até pode "andar" mais rápido se fizer uma caminhada sozinho, mas acredito muito mais na ideia de que juntos vamos mais longe. O marketing precisa de se reinventar, porque o quadro de valores do consumidor mudou. Nada será como dantes e o consumidor já decidiu: ou valor, ou mais barato! Propor valor implica muita proximidade com o consumidor e envolvê-lo nas decisões, gerindo com eficácia as suas emoções. Há que saber pensar como ele! As empresas devem saber fazer mais e melhor, com menos. O manancial de experiências, estudos e espaços para reflexão e inspiração que a POPAI possui serão muito úteis às empresas e seus profissionais no atual contexto.

Que objetivos persegue enquanto presidente da POPAI?
O primeiro e grande objetivo será divulgar ao mercado os benefícios que existem em ser associado. No prazo de dois anos, queremos ter na POPAI Portugal as empresas que fazem acontecer. Já possuímos um invejável grupo de associados, mas ainda é insuficiente para a nossa segunda meta: reforçar a qualidade da relação entre consumidor, marcas e insígnias.

Com os consumidores a serem cada vez mais exigentes, que postura devem ter as marcas que atuam no mercado de retalho?
Humildade para escutar verdadeiramente o consumidor.  Compreenderem o que significa co-criação. Coragem para fazer diferente. Saberem surpreender. Saberem fazer e desfazerem para fazerem melhor (resiliência operacional).

Do seu ponto de vista, ainda há esperança para o comércio tradicional português?
Recentemente estive em Londres, no World Retail Congress (maior evento mundial de retalho), onde os grandes especialistas mostraram a seguinte visão: existe “uma ciência e arte" para saber estar no comércio, pelo que sobreviver e vender mais já não são compatíveis com amadorismo e aventureirismo. O comércio chamado tradicional (gosto mais de “comércio de tradição”), só terá sucesso se for liderado e dinamizado por profissionais devidamente preparados. Por esse mundo fora há muitos exemplos de sucesso de (r)evoluções comerciais, capazes de demonstrar que o comércio tradicional português tem muito espaço de afirmação por explorar. Pode ser preciso mudar alguns atores e reciclar algum tipo de aprendizagens, mas tenho uma forte convicção: o consumidor adora o comércio de tradição quando este sabe integrar o "fio narrativo" da sua vida. 

Para terminar, o que o faz dizer SIM?
Sou um otimista por vocação. Acredito muito no talento do ser humano. Um facto: somos seres humanos, não teres humanos. Os grandes pensadores que aprecio são defensores de que somos mais felizes quando pensamos. Eu defendo que somos mais felizes e eficazes a agir do que a reagir. Por isso, o SIM é a minha palavra preferida e uma forma de estar que recomendo. Afinal de contas, a realização de todos nós depende em grande parte das ideias que temos e da capacidade de as colocarmos em ação.

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