Esta é a
primeira de muitas entrevistas que vai poder ler no SIM. Para nosso primeiro
entrevistado escolhemos João Alberto Catalão. Profundo conhecedor do mundo das
vendas, o especialista em coaching e co-autor do livro “Atitude UAUme” fala-nos
do seu mais recente desafio: a presidência da Associação Portuguesa de
Marketing at-Retail (POPAI Portugal). Para este optimista “por vocação”, o
marketing no ponto de venda ainda tem espaço para inovar.
SIM – Por que aceitou liderar a POPAI Portugal?
João Alberto Catalão - A POPAI Portugal
está integrada na Associação Mundial de Marketing at-Retail (POPAI), que possui
mais de 70 anos e junta mais de 1.700 empresas de distribuição, marcas e agências
de marketing. Esta grandeza, em conjunto com o propósito de partilha, mexeram
fortemente comigo! Adoro intervir, partilhar e formar equipas de trabalho. Tenho
mais de três décadas de trabalho por esse mundo fora, conheço bem a realidade
das empresas portuguesas e acredito que a partilha é a verdadeira "alma
dos negócios". Por estes motivos, aceitei ser o presidente da POPAI
Portugal, uma associação particularmente importante face aos novos paradigmas e
desafios do mercado, pelo seu potencial de informação, formação, inspiração e
reflexão.
Como qualifica este desafio, face ao momento da
sociedade em termos financeiros e sociais?
Costumo dizer
que cada um de nós, até pode "andar" mais rápido se fizer uma caminhada
sozinho, mas acredito muito mais na ideia de que juntos vamos mais longe. O
marketing precisa de se reinventar, porque o quadro de valores do consumidor
mudou. Nada será como dantes e o consumidor já decidiu: ou valor, ou mais
barato! Propor valor implica muita proximidade com o consumidor e envolvê-lo
nas decisões, gerindo com eficácia as suas emoções. Há que saber pensar como
ele! As empresas devem saber fazer mais e melhor, com menos. O manancial de experiências,
estudos e espaços para reflexão e inspiração que a POPAI possui serão muito
úteis às empresas e seus profissionais no atual contexto.
Que objetivos persegue enquanto presidente da POPAI?
O primeiro e
grande objetivo será divulgar ao mercado os benefícios que existem em ser associado.
No prazo de dois anos, queremos ter na POPAI Portugal as empresas que fazem
acontecer. Já possuímos um invejável grupo de associados, mas ainda é insuficiente
para a nossa segunda meta: reforçar a qualidade da relação entre consumidor, marcas
e insígnias.
Com os consumidores a serem cada vez mais exigentes,
que postura devem ter as marcas que atuam no mercado de retalho?
Humildade para
escutar verdadeiramente o consumidor. Compreenderem o que significa
co-criação. Coragem para fazer diferente. Saberem surpreender. Saberem fazer e
desfazerem para fazerem melhor (resiliência operacional).
Do seu ponto de vista, ainda há esperança para o
comércio tradicional português?
Recentemente
estive em Londres, no World Retail Congress (maior evento mundial de retalho), onde
os grandes especialistas mostraram a seguinte visão: existe “uma ciência e arte"
para saber estar no comércio, pelo que sobreviver e vender mais já não são
compatíveis com amadorismo e aventureirismo. O comércio chamado tradicional
(gosto mais de “comércio de tradição”), só terá sucesso se for liderado e
dinamizado por profissionais devidamente preparados. Por esse mundo fora há muitos
exemplos de sucesso de (r)evoluções comerciais, capazes de demonstrar que o
comércio tradicional português tem muito espaço de afirmação por explorar. Pode
ser preciso mudar alguns atores e reciclar algum tipo de aprendizagens, mas
tenho uma forte convicção: o consumidor adora o comércio de tradição quando
este sabe integrar o "fio narrativo" da sua vida.
Para terminar, o que o faz dizer SIM?
Sou um
otimista por vocação. Acredito muito no talento do ser humano. Um facto: somos seres
humanos, não teres humanos. Os grandes pensadores que aprecio são defensores
de que somos mais felizes quando pensamos. Eu defendo que somos mais felizes e eficazes
a agir do que a reagir. Por isso, o SIM é a minha palavra preferida e uma forma
de estar que recomendo. Afinal de contas, a realização de todos nós depende em
grande parte das ideias que temos e da capacidade de as colocarmos em ação.
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