Entrevista com Pedro Barbosa, autor do livro "Harvard Trends 2013"

Docente universitário aponta alguns dos principais desafios atuais que as empresas têm de enfrentar ao nível da gestão e do marketing

O SIM é um espaço online de perspetivas, partilhas, entrevistas e informações inspiradoras

Este é um blogue da LivingBetweenMedia e move-nos a vontade de ver as coisas por um ângulo diferente!

Somos aquilo que lemos? É possível ganhar novas competências na leitura?

Saber escolher as fontes e interpretá-las corretamente é uma competência fundamental numa sociedade onde a informação é aparentemente excedentária

As redes sociais são um desafio para as empresas

Aprender a gerir a presença nas redes sociais é fundamental. A potência viral destas redes funciona para o bem e para o mal

Educar para os media é abrir o olho para o mundo real

No mundo global, um cidadão que saiba interpretar o papel dos media é mais competente em qualquer profissão. A LivingBetweenMedia partilha essa visão

terça-feira, 25 de dezembro de 2012

Artur e a informação beta (parte II)



Alguém ainda se lembra de uma reportagem televisiva sobre o facto de o IVA ir descer no Volkswagen Golf, mas que afinal era no golfe? A pressão tempo é tramada. Agora, um alegado funcionário da ONU, de nome Artur Baptista da Silva, foi apresentado como um visionário, não passando de um impostor. Há que reconhecer o tremendo erro. Os media, onde eu próprio me incluo, estão demasiado pressionados pelo tempo e os equívocos e incorreções vão acontecendo. É bem verdade que ninguém está livre de enganar-se em qualquer profissão. A diferença é que o trabalho do jornalista é quase imediatamente visível para largos milhares de cidadãos, colocando a nu eventuais fragilidades e, é justo dizê-lo, qualidades que são um serviço à sociedade.

15 de março de 2011
O Jornal da Tarde anunciava a descida do IVA sobre o Volkswagen Golf para 6%. Mas, afinal, é o golfe e não o carro que vai beneficiar de uma taxa de imposto reduzida. Durante 15 segundos, um separador do Jornal da Tarde desta segunda-feira mostrava um automóvel da marca Volkswagen, com a legenda: «Um bem essencial? Golf com IVA de 6%». Mas a notícia do dia não era essa, mas sim uma informação avançada pelo Jornal de Negócios que dava conta da intenção do Governo de reduzir a taxa de IVA aplicada ao golfe para promover o turismo associado a este desporto.
«Percebemos que era um lapso e tirámos logo do ar», explicou ao SOL fonte oficial da RTP, assegurando que «são coisas que acontecem». O vídeo está, entretanto, no Youtube e tem sido partilhado no Facebook, com o título «Fail: RTP e o Golf».

Baptista da Silva

23 de dezembro de 2012

Artur Baptista da Silva dizia que coordenava uma equipa da ONU encarregada pelo secretário-geral Ban Ki-moon para apresentar um relatório da crise na Europa do Sul. Foi entrevistado em programas de TV e por jornais como o Expresso. Apresentou três pontos para uma renegociação com a troika. Um dia depois de ter sido entrevistado pelo programa Expresso da Meia-Noite, a SIC revelou que tudo foi uma mentira bem arquitetada pelo próprio.

A raiz do problema é raramente debatida: falta de recursos humanos, concorrência interna e entre órgãos de comunicação social, pressões das fontes para publicação imediata, etc. Em suma: pressão tempo, fator muitas vezes impeditivo de um trabalho de qualidade. O que este caso tem de curioso reside no facto de instituições como o Grémio Literário ao convidarem o senhor para conferências, terem criado suficiente media awareness. Um personagem que entre no sistema mediático é alguém, tem direito a entrar no mundo dos media sem passaporte. Fez-me lembrar um falso engenheiro que conheci há muitos anos. Como o primeiro empregador era conhecido do seu pai, nunca mostrou certificado de habilitações e, posteriormente, foi progredindo porque tinha o selo da credibilidade de ter tido um primeiro emprego como engenheiro. Antes de chegar à SIC, Expresso ou TSF, Artur Baptista da Silva tinha o selo de ser um economista da ONU e brilhante orador. Veja-se a explicação do Expresso. A pressão tempo traduziu-se pela dispensa da consulta de fontes primárias (ONU), confiando-se em fontes secundárias que alegadamente teriam verificado a origem do sujeito. Parece que até a Associação Abril conseguiu desmascarar este cidadão há dois meses, diz o jornal i.



Eu próprio fui abordado a propósito de um senhor Artur Baptista da Silva, supostamente membro  de uma equipa da ONU encarregada pelo secretário-geral Ban Ki-moon para apresentar um relatório da crise na Europa do Sul. Só por mero acaso é que não me coube entrevistá-lo, coordenar ou editar esse trabalho. Ou seja, reconheço sem complexos que os meus colegas jornalistas não fizeram nada que eu não pudesse ter feito. Confesso que tenho a mania de ir às fontes primárias confirmar informação para preparar artigos. Assim o fiz, por exemplo, quando preparei recentemente uma entrevista ao Comissário Europeu do Emprego. Ao consultar as fontes primárias (sites oficiais), temos a hipótese de confirmar dados biográficos do entrevistado e recolher uma panóplia de informações sobre os temas que nos interessam. A pressão tempo, mais uma vez, pode ser a explicação mais óbvia para não o fazer. 

Mais uma vez, considero que a pressão a que a comunicação social está sujeita leva-a a produzir uma informação beta (consulte A informação beta inunda os media), isto  é, quase do tipo “teste”, algo que à partida já se sabe que terá de ser corrigida à posteriori.

Recordo aqui a minha comparação de um post anterior:



PRODUÇÃO DE PRODUTOS TECNOLÓGICOS

PRODUÇÃO DE NOTÍCIAS ONLINE OU OFFLINE (ao longo dos dias)


terça-feira, 11 de dezembro de 2012

"A segmentação de mercado nem sempre é aplicável"

Deseja ser visto como um "especialista" em ser curioso e é fruto dessa pretensão que se tem dedicado à partilha de informação sobre as principais tendências de gestão que têm surgido nos mercados mundiais. Pedro Barbosa, docente universitário e colaborador do Grupo El Corte Inglés, acaba de lançar o livro "Harvard Trends 2013", com edição da Vida Económica (ver mais informações aqui), dois anos após a publicação do primeiro livro relacionado com o tema. Em entrevista ao SIM, este responsável fala sobre o que podemos encontrar na obra e aborda alguns dos desafios, ao nível da gestão e do marketing, que as empresas têm de enfrentar nos dias de hoje.

SIM - Depois do primeiro livro lançado em 2011, surge agora o “Harvard Trends 2013”. Quais as principais diferenças que poderemos encontrar nesta nova publicação? O mundo e os mercados mudaram muito neste curto espaço de tempo?
O livro segue a mesma linha lógica: tendências de gestão em formato "bit size". Ao mesmo tempo, é bastante diferente, porque os conteúdos estão significativamente mais aprofundados, sem serem necessariamente menos acessíveis. O livro está também mais organizado na sua forma. 


Refere no livro que os seus planos não passam por ser especialista em tendências, mas sim em curiosidades. Entre as várias tendências de gestão que enuncia no livro, quais as que lhe despertam maior curiosidade?
O que eu quis dizer é que quero ser um "especialista" em ser curioso. Não pretendo ficar com o registo das tendências, como se fosse o meu campo. É natural que tendo o único modelo de identificação de tendências aprovado a nível mundial, exista essa associação. Mas eu gosto e quero fazer coisas diferentes, que me despertem curiosidade e paixão. 


Esta obra fala de uma grande tendência a que apelida de “contratendência”. Isto significa que as empresas estão obrigadas a orientar-se por um novo mapa de navegação nos mercados em que atuam?
A contratendência surge como oposição às tendências, mas em menor escala, precisamente por alguns daqueles que já tinham dado início a essa tendência. As empresas precisam de estar atentas às tendências, porque quem conseguir antecipar-se terá maior probabilidade de sucesso. 


A noção de segmentação de mercado, tal como a conhecemos tradicionalmente, estará em vias de extinção, por via do comportamento polarizado do consumidor? É por isso que defende um novo conceito, o de remarketing?
A segmentação não morreu, mas claramente já não chega - além de que, com a polarização e o cliente camaleão, nem sempre é aplicável, pelo menos da forma estática a que nos habituamos a considerar. O remarketing é uma tática que permite captar clientes com alta probabilidade de compra, porque evidenciaram interesse de forma ativa ou indireta pelo seu comportamento online. É uma forma extraordinária de aumentar a probabilidade de sucesso, sobretudo em e-commerce. 


A título de curiosidade, e face à origem e abrangência global das tendências de gestão referidas nos dois livros, que motivos levaram à escolha do título “Harvard Trends”?
Harvard foi a universidade com a qual comecei a ter contacto em 2007, quando o estudo de tendências era uma disciplina praticamente inexistente. O trabalho "Harvard Trends 2013" tem investigação em dezenas de universidades em todo o mundo, mas Harvard continua no seu epicentro. 


Tal como no primeiro livro, a internacionalização do “Harvard Trends 2013” é um objetivo? Em que mercados poderá ter maior acolhimento?
Sem dúvida. Temos ambição global. Não há nenhum país onde não pudesse ser editado, mas a prioridade recairá sobre Europa, Estados Unidos, América Central e América do Sul. 


Em termos pessoais e profissionais, a que tipo de situações gosta de dizer SIM?
A todas que me criam desafios e paixão. Todas onde posso aprender e crescer.

domingo, 9 de dezembro de 2012

Aprender a otimizar a mediatização das marcas

“Como dar projeção mediática a uma marca” foi o nome do “Crash Course” que a LivingBetweenMedia levou, esta semana, à Academia APAN, entidade de formação da Associação Portuguesa de Anunciantes. Trata-se de um formato de curso onde se aprende bastante sobre um assunto específico, num curto espaço de tempo. Neste caso, a formação teve como principal meta levar à compreensão do sistema mediático bem como avaliar os melhores caminhos para transformar as marcas em valor acrescentado que capte o interesse dos meios de comunicação social. 

Desta feita, Gestores de Marketing e Comunicação, Brand Managers, Gestores de Produto e Vendas tomaram conhecimento sobre aspectos como a influências das notícias nas marcas; o que pretendem os jornalistas saber sobre marcas, empresas e instituições; a relação das empresas de assessoria com os jornalistas; o desafio partilhado de lidar com um novo tipo de consumidor que se transforma em fonte de informação na era das redes sociais; como pode uma marca criar valor, através das suas ações e consequentes notícias, para um novo tipo de consumidor. 

We don’t train you. We just let you know. Este é o claim da LivingBetweenMedia para o segmento empresarial. Não fazendo media training nem assessoria de imprensa, levamos as marcas a perceber o funcionamento do sistema mediático, os principais desafios das redações e a utilizar o marketing focado na criação de valor para o cliente e para o mercado. Deste modo, as empresas têm a oportunidade de otimizar a sua interação entre os departamentos de marketing e os seus serviços de comunicação interna ou externa, incluindo aqui também o trabalho realizado junto das empresas de assessoria de imprensa. 

Esta formação foi alvo de notícia no jornal Briefing (ver aqui). A LivingBetweenMedia regressará, em 2013, à Academia APAN, com dois cursos, estando um deles relacionado com o tema dos comportamentos de compra da sociedade e influência que é gerada nestes por parte dos media.

sábado, 8 de dezembro de 2012

A informação beta inunda os media


Estará a informação online a produzir um serviço beta em contínuo? A pressão tempo não se aplica  apenas aos produtos físicos, mas também aos serviços noticiosos, sobretudo aos online. Em primeiro lugar, a qualidade dos media em geral está em perigo há muitos anos, fruto da queda nas vendas em banca e das receitas publicitárias da imprensa. A consequência mais imediata foi o desinvestimento no capital humano. Os mais frios dirão que as decisões de gestão são inatacáveis numa perspetiva custo-benefício, argumento difícil de contrariar quando o horizonte de rentabilidade é de curto prazo.




A atual crise de identidade da imprensa, tendo um pé no offline (papel) e outro nos suportes digitais (site, blogs e redes sociais), leva só por si a uma informação beta, isto é, mal estruturada, feita à pressa e sujeita a retificações.  A concorrência e a falta de pessoas em número e qualidade nas redações produziram um "mundo beta" que contaminou ainda mais os online, onde a pressão tempo é muito maior. Garanto que não estou a alinhar na demonização do jornalista, perspetiva   nornalmente veiculada por quem não conhece os media, os seus critérios, a construção das notícias, os processos de cruzamentos de fontes, entre outros pormenores. Mas, infelizmente, ainda é uma perspetiva que encontramos em muitos profissionais de outros setores.

As empresas, sobretudo as tecnológicas, produzem em tempo recorde novos produtos e fazem-no em versões beta para testá-los. O mercado [consumidores e media especializados ou não] usa-os, percebe problemas e reporta-os. O marketing e produção tentam dar resposta e relançam produto. O mercado usa-o e percebe mais alguns problemas e o ciclo repete-se. O ciclo que era antes linear – pesquisa»planeamento»produção»venda – passa a ser circular: 

PRODUÇÃO DE PRODUTOS TECNOLÓGICOS
PRODUÇÃO DE NOTÍCIAS ONLINE OU ATÉ EM PAPEL (ao longo dos dias)

Embora o leitor possa pensar que os esquemas circulares acima expostos sejam repetidos, está enganado, como pode verificar nas respetivas legendas.O primeiro caso refere-se ao processo de produção industrial muito comum nas novas tecnologias e o segundo esquema ilustra o processo de produção de notícias. No caso dos online, o círculo pode fechar-se num só dia e no papel pode completar-se no espaço de uma semana.

É preciso ser jornalista para entender que este raciocínio não se aplica em 100% dos casos. Há sucessões de notícias perante as quais a Ciência Política se cala. A recente "confusão" sobre a extensão a Portugal das condições dadas à Grécia para pagamento dos empréstimos europeus ilustra bem essa circunstância. Os media tiveram de acompanhar as contradições diárias do Governo, refazendo notícias e abordagens ao longo de uma semana ou mais . Mas isso é jornalismo, puro e duro. Muitos académicos ou proto-académicos pensam que o jornalismo é superficial, mas ignoram que o ritmo é diário (ao minuto se for online) ou semanal, sendo impossível, até por falta de espaço em papel, dar uma visão holística de uma determinada temática. 

Esta capa do jornal i ilustra bem uma circunstância em que a informação beta se deveu às contradições dos políticos. Vale a pena clicar na imagem para ver as contradições dos protagonistas. Dias depois seria a vez de Cavaco Silva e depois Paulo Portas defenderem uma renegociação das condições do empréstimo. Passos Coelho faria igualmente marcha-atrás. É um ciclo contínuo de contradições que alimenta o ciclo contínuo de notícias aparentemente contraditórias. Aparentemente, porque a contradição não é dos produtores das notícias.



O problema atual do jornalismo não é a falta de visão científica e holística. O jornalismo nunca pretendeu alcançar esse patamar. O desafio é resistir à pressão tempo e conter a tendência da informação beta produzida às catadupas. Seja por concorrência desenfreada, falta de meios humanos, pressões das fontes ou outro motivo qualquer. As soluções ainda não foram encontradas e talvez só a autoredefinição dos media venha no futuro a recolocar a informação no seu devido lugar: os conteúdos de qualidade.





sexta-feira, 7 de dezembro de 2012

Os currículos criativos vieram para ficar


Num mundo que se move ao ritmo frenético da tecnologia, o currículo tradicional deixou de ser a única ferramenta para quem procura emprego. Com pouco tempo para analisar documentos em papel, as empresas começam a apreciar originalidade e criatividade dos candidatos. Dizer mais em menos tempo pode marcar a diferença. 

Em determinadas áreas de trabalho, as apresentações em vídeo, powerpoint, flyers e cartazes, entre outras, são uma ferramenta usada por muitos profissionais para fazer currículos digitais. Ali exibem interesses pessoais, as capacidades de comunicação, energia e dinamismo. Em simultâneo, criam um envolvimento emocional impossível de obter numa folha de papel a preto e branco. 

Em empresas inovadoras e criativas, faz sentido que o seu recrutamento se identifique com candidatos que se apresentem com ações originais, numa abordagem distante das tradicionais cartas de apresentação e do curriculum vitae (CV), mais focadas na experiência e no passado. Orlando Andrade, licenciado em Publicidade, garantiu a entrada no mercado de trabalho através de um vídeo (ver em baixo) inspirado no famoso jogo “Quem é Quem?”. O vídeo tornou-se um sucesso na Internet e captou a atenção da Wit-Software, uma empresa de Coimbra que desenvolve aplicações para plataformas de informática a nível mundial.




Por outro lado, a conjuntura económica também leva as empresas a ter um maior escrutínio nos seus critérios de seleção, valorizando o esforço e a motivação dos candidatos. E só uma abordagem diferenciadora fará o interessado destacar-se entre dezenas de candidaturas. O estrategista de marketing digital, Matthew Epstein, seguiu este caminho. Criou um site com um vídeo humorístico e 10 razões pelas quais devia ser contratado pela Google. O vídeo tornou-se um fenómeno e a Google convidou-o a integrar os seus quadros. 

Hoje, um CV tem de ir além das capacidades profissionais. Além da carreira e experiência, importa realçar paixões, interesses e hobbies. A personalidade fora do ambiente de trabalho também importa. No entanto, os candidatos a um emprego continuam a ter de construir um conteúdo bem estruturado e ajustado à empresa que desejam. Têm de saber o que querem. 

Nas redes sociais, como o Facebook ou o LinkedIn, existe também uma opção a ter em conta. Mas não basta criar um perfil, é preciso assumir uma postura ativa e criar redes de contacto (networking). Por exemplo, o criativo italiano Cláudio Nader transformou o seu perfil de Facebook num currículo e foi assim que conseguiu um emprego como assistente de redes sociais e editor de conteúdos numa agência de web marketing em Bolonha.



E há quem leve a criatividade para um nível ainda mais avançado. João Dornellas, director de arte da YDreams, decidiu colocar o seu portefólio numa aplicação para iPad. A aplicação foi pensada como veículo de auto-promoção, mas o seu criador estava longe de imaginar o impacto que viria a ter. O projeto registou mais de 4.000 downloads no iTunes, choveram ofertas de emprego de todo o mundo e a sua criação motivou mesmo notícias na revista norte-americana Fast Company e nos sites Mashable, Design Taxi, assim como uma distinção do site FWA, que promove aqueles que considera serem os melhores trabalhos do mundo para a internet e mobile.


Um currículo original pode ser tão bom quanto uma publicidade para si mesmo. Uma espécie de panfleto que é distribuído a um possível cliente (empresa empregadora). É um trabalho de marketing pessoal que pode dar frutos, marcando uma impressão positiva e criando um fator de diferenciação. Basta deixar a criatividade fluir. 

Para terminar, ficam aqui alguns exemplos de currículos criativos: 

Alguns incluem mesmo a possibilidade de obter mais informações através de códigos SMS e QR

A criatividade pode ser a cura para a falta de emprego

Plataformas de apresentação deixaram de ficar circunscritas ao papel a preto e branco

Até uma t-shirt pode servir para causar um impacto positivo junto de quem recruta

Originalidade é um fator de diferenciação valorizado por algumas empresas

Um CV deve ir além das capacidades profissionais. Personalidade e interesses pessoais também importam

quinta-feira, 6 de dezembro de 2012

Vida Económica: Harvard Trends 2013 Edition

“Os consumidores querem uma coisa simples. Empresas que tenham caras. Caras que digam verdades. Organizações que queiram o bem dos seus clientes, que gostem mesmo deles. Parece simples, certo?”. A pergunta, como é bom de ver, é provocatória. Pedro Barbosa, neste seu Harvard Trends – 2013 Edition, mais do que respostas quer incentivar a um novo olhar sobre o comportamento humano aplicado à gestão e ao marketing.

O Livro: A obra foi lançada hoje, dia 6 de dezembro, no El Corte Inglés Gaia/Porto e no evento de apresentação o autor referiu que apesar do livro mostrar 45 tendências de gestão, a sua grande diferença, nomeadamente em relação à edição anterior do Harvard Trends, publicada em 2011, é que fala de “contratendências”. Ou seja, todas a grandes tendências que vislumbramos no mercado, seja no que concerne ao consumo ou mesmo ao uso de novas tecnologias, estão a ganhar relevância as tendências exatamente opostas e claramente mais simples. 

Sobre este assunto, na introdução do livro, Pedro Barbosa explica que “a tendência mais comum de todas as que observei não vem publicada em nenhum livro, não vem referida em publicações, não foi mencionada nas academias. Vou chamar-lhe ‘contratendências’, uma vez que na essência consiste no aparecimento no sentido contrário a cada uma das tendências estudadas, mal estas começam a ganhar alguma dimensão”. 

Não perca, em breve, a entrevista de Pedro Barbosa ao SIM!

O Autor: Natural do Porto e com 40 anos, licenciou-se em Engenharia Industrial na Universidade do Minho. Possui graduações e estudos posteriores em Inovação (UM), Gestão de Centros Comerciais (UCP), Neurociências (MIT OCW) e MBA (EGP-UPBS). Desenvolveu carreira na Sonae Indústria, Sonae Sierra e Grupo BNP Paribas. Actualmente integra os quadros do Grupo El Corte Inglés, é docente do IPAM, Univ. Lusíada, Porto Business School e Espri (Barcelona), assim como colunista regular de edições como Vida Económica, Metro, OJE, HiperSuper e Jornal de Negócios. O seu primeiro livro, Speculations & Trends (09), foi a primeira obra deste tipo, em crowdsourcing, a nível global. Publicou Harvard Trends em 2011, que em Portugal ficou no segundo lugar de vendas dos livros de gestão e marketing, a seguir ao de Steve Jobs.

Título: Harvard Trends – 45 Tendências de Gestão 2013 Edition 
Editora: VidaEconómica 
Lançamento: Dezembro / 2012 
Género: Business Book 
N.º de Páginas: 328 
Preço: 13,00 €

quarta-feira, 5 de dezembro de 2012

Banda desenhada da Disney está de volta



Muitos se recordarão das revistas da Disney. Aqueles livros de "quadradinhos", com textos em português brasileiro, marcaram várias gerações de portugueses. Ainda hoje, muitos miúdos e graúdos guardam religiosamente os seus exemplares antigos, e não faltam colecionadores à procura deles em alfarrabistas. Pois bem, a tradição pode agora continuar com edições fresquinhas. As revistas Disney voltaram hoje às bancas nacionais. 

Seis anos depois, as publicações de banda desenhada que têm como protagonistas Tio Patinhas, Donald, Mickey, Pateta e companhia, voltam a ser editadas no mercado português. A iniciativa partiu da editora Goody, que atualmente detém publicações como a Empire, Bgamer, Top Gear, Quero Saber ou O Mundo da Fotografia Digital. 

A Goody irá apostar em duas revistas: a Disney Comix, que sairá todas as semanas, e a Hiper Disney, com periodicidade mensal. O número inicial da Comix foi lançado hoje, 5 de dezembro, data especial que celebra os 111 anos do nascimento de Walt Disney. A publicação, com 132 páginas, terá um preço de capa de 1,90€, sendo que a primeira edição tem um preço promocional de 1€. Por seu turno, a revista Hiper Disney terá a sua primeira edição em janeiro de 2013, apresentando 320 páginas e um preço de capa de 3,90€.

O primeiro número da Comix tem 75.000 exemplares de tiragem, o que revela bem a forte expetativa da editora em relação à adesão dos leitores portugueses. A ideia passa por chegar a um público vasto, que não se limita apenas às gerações mais novas, apelando também à memória dos adultos que cresceram a ler estas bandas desenhadas. O carácter intergeracional serve mesmo de mote à campanha de lançamento. A Goody acredita que a revista irá suscitar o interesse dos jovens dos 8 aos 88 anos. 

Por estes dias, ambas as revistas serão anunciadas por uma campanha de televisão nos canais generalistas e ainda nos canais Disney Channel e Sport TV. Foi ainda criado um grupo pela Goody no Facebook (Banda Desenhada Disney em Portugal), onde se poderão encontrar passatempos e mais informações relacionadas com as revistas e personagens da Disney. 

Esta é uma boa notícia para muitos fãs do universo Disney. Um regresso na altura certa. As revistas são uma saudável e divertida forma de entretenimento, assim como uma excelente solução para quem pretende alimentar a leitura, principalmente, entre os mais novos. Por outro lado, preenche-se um vazio no mercado editorial que existe há seis anos. Muitos leitores esperavam por este dia. 

terça-feira, 27 de novembro de 2012

LivingBetweenMedia na Católica Porto Business School

O que têm em comum as empresas e os jornalistas? Numa empresa, o fluxo informativo não se circunscreve aos departamentos de comunicação e/ou de marketing. 

Na era em que as redes sociais vieram transformar o ritmo das redações dos órgãos de comunicação social, fazendo surgir novas e rápidas fontes de informação, é imperioso que as empresas compreendam os novos desafios do funcionamento do sistema mediático.

O novo paradigma comunicativo concede aos consumidores a possibilidade de co-criarem notícias e mostram uma crescente proximidade para com os jornalistas, o que transfere para as empresas a acrescida responsabilidade de perceber os critérios de noticiabilidade e a importância da clareza e honestidade na emissão das mensagens lançadas para o mercado. E numa empresa, todos comunicam e todos são potenciais fontes, diretas ou indiretas, de informação.

Estes temas serão abordados, amanhã, quarta-feira, pela LivingBetweenMedia na Católica Porto Business School num seminário no Curso Geral de Gestão.

segunda-feira, 26 de novembro de 2012

Viana do Castelo é a estrela em grupo do Facebook

Pode um grupo criado numa rede social mobilizar milhares de pessoas a partilhar as suas fotografias? Sim. Pode esse espaço virtual ser dedicado apenas a imagens de um distrito de Portugal? Sim. E pode o projeto extravasar o virtual e transformar-se numa obra artística e solidária no mundo real? Sim. O “Fotografias de Viana de Castelo” é um grupo de utilizadores do Facebook criado há quase dois anos e já conta com mais de 3.500 fãs. Esta ideia de amigos é hoje uma referência para muitos amantes da fotografia. 

Os grupos do Facebook são uma ferramenta cada vez mais popular. Aqui os utilizadores da rede social podem partilhar e discutir ideias de interesse pessoal e/ou profissional. Nesta plataforma estabelece-se uma espécie de relação “win-win” onde a informação produzida por todos os membros em conjunto acaba por criar valor importante para todos eles. 

E numa era onde o multimédia impera, quem partilha informações, ideias ou opiniões, pode fazer o mesmo em relação a vídeos, sons ou fotografias. E foi esta última hipótese que inspirou quatro amigos de Viana do Castelo, que pensaram na aplicação do Facebook para partilhar as imagens que capturavam pela cidade. 

Se calhar, o que os fundadores não estavam à espera, era da enorme adesão das pessoas ao grupo que criaram na rede social. Vários amigos foram aparecendo e muitos começaram a partilhar também as suas fotos tiradas no distrito. Hoje, o “Fotografias de Viana do Castelo” conta com mais de 3.500 membros e milhares de imagens exibidas. 

O grupo tem dado azo à crítica e opinião fotográfica, à análise de estilos e gostos diferentes e à divulgação de eventos. É uma forma de estar, onde o convívio e a troca de experiências, na sua vertente lúdica, são uma fonte de inspiração. Mas o impacto das redes sociais permitiu dar o salto e ir mais além. 

O grupo dinamizou desafios temáticos, onde os utilizadores são incentivados a procurar uma imagem ideal em função de um tema concreto, sendo as melhores fotos votadas depois pelos membros. Temas como “Pontes”, “Vida Animal”, “Varandas” ou “Preto e Branco”, em Viana do Castelo, claro está, já serviram de teste ao toque requintado de fotógrafos profissionais e ao experimentalismo curioso de amadores. 

Os utilizadores têm elevado o nível e a qualidade dos trabalhos e a transposição do projeto para o “mundo real” acabou por ser natural. A realização de exposições foi o passo seguinte, sendo de realçar o cariz solidário de alguns dos eventos. No final de 2011, a exposição "Um ano em fotografias" deu apoio à associação "O Berço", dedicada ao acolhimento temporário de crianças. Uma mostra de 365 fotos, escolhidas entre mais de 5.000 imagens e colocadas à venda, serviu para angariar dinheiro para ajudar a instituição em causa. 

Pessoas comuns podem criar valor para a sociedade e dinamizar os outros em prol de um tema. As redes sociais potenciam isso e fazem muito mais. O “Fotografias de Viana do Castelo” faz mais do que muitas entidades oficiais para a promoção turística do distrito. Ao mesmo tempo, é um ponto de abrigo para amantes de fotografia e uma presença dinamizadora no mundo real. Esta iniciativa até conseguiu gerar impacto nos media televisivos. Para as boas ideias, o céu será sempre o limite.



Fotos de Viana do Castelo
Essa foto de Viana do Castelo é cortesia do TripAdvisor

domingo, 25 de novembro de 2012

Futuro dos jornais no digital pago ameaçado pelos liveblogs



O diretor do El Mundo deu uma interessante entrevista ao Dinheiro Vivo sobre o futuro dos jornais. A ideia é simples: a idade de ouro dos jornais está para chegar, mas numa plataforma fundamentalmente, se não mesmo unicamente, digital. Serão conteúdos pagos para uma "grande minoria" de leitores que procuram informação feita por especialistas, isto é, jornalistas. Acho que esta visão é interessante, mas o entrevistado parece passar ao lado, pelo menos nesta entrevista [não digo que as ignore], de algumas realidades que já estão on moving. Os geradores de notícias ou media awareness não são desde há anos um exclusivo da comunicação social. A retransformação dos media para a hipotética fase do 100% digital pode acontecer, mas o mundo não parou durante esta crise de identidade da comunicação social. E é aí que as contas do diretor do El Mundo podem (ou não) estar erradas.



Crise dos media tradicionais caracteriza-se por estes terem um pé no papel e outro no digital

Source: mashable.com via Victor on Pinterest





Eu destacaria as seguintes passagens da entrevista:

a) Estamos a viver aquilo que Gramsci definiu como crise: quando o velho [o papel] ainda não desapareceu e o novo ainda não nasceu [o digital autosustentável].

b) A informação gratuita na internet tem os dias contados, não é financeiramente sustentável, foi uma burrice dos editores. [...] A solução é fazer pagar "a grande minoria que quer mesmo ler".

c) A banca de jornais está condenada a desaparecer.

d) O que acontecerá é mais simples: forçados a assinar os jornais de qualidade se os quiserem ler, os leitores vão progressivamente mudar-se para os tablets e smartphones, também eles cada vez mais baratos, porque é apenas aí que vão estar disponíveis as aplicações desenhadas pelos jornais.

e) O papel não é a nossa essência, é a nossa origem - o que é diferente. A essência é a informação que só os jornais de qualidade sabem produzir.

f) A migração para os tablets permitirá acabar com os custos de impressão e distribuição. "Estamos a falar de menos 50% de custos fixos! É uma poupança extraordinária para qualquer negócio".

A essência dos media é a qualidade de informação e é aí que teremos de regressar, mas agora numa linguagem e formatos digitais. É o mito do eterno retorno à essência  [qualidade de informação] e não à origem [o papel].

A EVOLUÇÃO DOS MEDIA
(carregar na imagem para melhor visualização)
Evolução dos media inspirada nas ideias de Pedro J. Ramírez, na entrevista ao Dinheiro Vivo


A situação atual, caracterizada pela crise de identidade dos media e pelas inúmeras dúvidas sobre os caminhos futuros, não poderá ignorar a concorrência real, mesmo na captação de publicidade, pelos meios independentes [free & earned media], com poucos recursos mas com suficiente capacidade de atrair públicos. Não me irei alargar muito neste post, mas chamo a atenção para dois aspetos:

1) O público potencial de jornais norte-americanos e espanhóis, como os citados na entrevista do diretor do El Mundo é muito maior nesses países, garantindo a autosustentabilidade financeira de um  modelo de negócio assente no jornalismo de qualidade e, logo, com investimento avultado no capital humano que permitirá diferenciar o produto dos free & earned media, como é o caso dos blogues. A realidade do El Mundo, por exemplo, com 24 milhões de utilizadores, não é aplicável diretamente a Portugal.

2) Um estudo muito recente de Neil Thurman e Anna Walters, da City University London’s Journalism School, sobre liveblogging diz que é este que se está a tornar no formato padrão para cobrir notícias de última hora, eventos desportivos e notícias de agenda, tais como as relacionadas com  as eleições presidenciais nos EUA. Segundo, Thurman, os liveblogs em Guardian.co.uk receberam 300% mais visualizações e 233% mais visitantes do que os sites convencionais de notícias online sobre o mesmo assunto. Eles também conseguem ficar à frente nas consultas de galerias de fotos online, obtendo 219% mais visitantes. O estudo chama-se Live Blogging - Digital Journalism’s Pivotal Platform?

Ou seja, é um engano pensar que os problemas dos jornais terminam quando o digital for economicamente autosustentável (com ou sem conteúdos somente pagos) e o papel morrer. O mundo não ficou nem ficará parado à espera que os velhos media tenham uma proposta de valor que ignore o papel e ofereça um digital de indubitável qualidade. Quando a crise dos media passar (ver esquema em cima), não surgirá um campo florido com meia dúzia de players especializados a digladiarem-se por espaço no mercado. Espaço de leitores pagantes e espaço de publicidade paga, entenda-se.

A proliferação das redes sociais, nomeadamente dos liveblogs, assemelha-se a um enxame de abelhas: cada uma por si pode parecer pequena e picar pouco, mas todas juntas constituem (agora e no futuro) um colossal desafio à qualidade dos media renascidos para o digital a 100%. O futuro está ao virar da esquina.

Prometo voltar a este tema noutras ocasiões.





sábado, 24 de novembro de 2012

No Danúbio, entre Buda e Peste

Tive a sorte de estar uns dias a conhecer Budapeste, capital da Hungria. Respira-se um ambiente cosmopolita que não se confunde com opulência. Os húngaros parecem constituir um povo sóbrio, orgulhoso, com uma classe média culta e profundamente embrenhada nas suas fortes tradições ligadas à música clássica. Apreciam arte e prova disso é uma excelente exposição de Cézanne que ainda decorre na capital, mais precisamente no Museum of Fine Arts.

Fiquei instalado em Buda e visitei com frequência o lado Peste, que ao contrário do que o nome possa indiciar é a margem mais interessante da cidade. É onde estão as ruas mais comerciais, os cafés e restaurantes mais peculiares, os museus, a câmara municipal e a Basílica de St. Stephen. Foi neste último monumento, de linhas arquiteturais neoclássicas e que só foi terminado em 1905, após mais de meio século de construção e percalços, que assisti a um dos mais belos concertos de música clássica protagonizado pelos alunos da  Liszt Academy.




Do rio que tudo arrasta, diz-se que é violento. 
Mas ninguém chama violentas às margens que o comprimem.
Bertolt Brecht
Perspetiva do Danúbio a partir da Ponte das Correntes. Buda do lado esquerdo e Peste do lado direito



O lado Peste do Danúbio na capital húngara. As margens só foram ligadas no século XIX

Széchenyi Lánchíd  (Ponte das Correntes) é uma ponte pênsil de 375 mts
de extensão e foi inaugurada em 1849


Basílica St. Stephen, em Budapeste



sexta-feira, 23 de novembro de 2012

Paulo Futre e a senhora que não roubou o tacho da vizinha

Uma senhora do Alentejo submeteu-se, hoje e em direto, ao polígrafo da TVI. Sim, é verdade. Ela garantia que não tinha roubado os tachos de cobre da vizinha. Nem o fogão dessa mesma vizinha. E muito menos o almofariz. É preferível que ponham o Paulo Futre em tudo o que é canal televisivo, revistas, jornais e rádios. Pelo menos faz-nos rir. É caso para dizer: volta Paulo, estás perdoado sócio! 

Foi com o olhar atento da apresentadora Fátima Lopes e sua audiência do programa "A Tarde é Sua", nos momentos em que não era proferido um exaustivo número telefónico mágico para o qual se devia ligar para ganhar 10 mil euros, que um “professor” com pronúncia espanhola, um grande “especialista” destas andanças e com uma relação tu lá tu cá com o polígrafo, confirmou e ditou, que nem um juiz, a sua sentença: a senhora não roubou os tachos de cobre da vizinha. Nem o fogão da vizinha. E muito menos o almofariz da vizinha. 

Compreendo a luta pela audiência. Entendo a necessidade de se obterem resultados que se traduzam em share. Sei que o mercado publicitário está a viver sérios desafios e que a televisão, paulatinamente, tem perdido força porque os telespetadores vão-se dispersando nas plataformas. 

A realidade é que, ao final da tarde, há bastantes pessoas em casa a ver televisão e que, a todo o custo, para além do aliciamento com dinheiro fácil, é imperioso “congelá-las” em frente a esta “máquina da verdade”, como lhe chamam, levianamente, os responsáveis do programa. A máquina, a título de exemplo, já motivou a ida de pessoas à TVI para provar que não traíram a namorada; não fizeram bruxarias; nem sequer roubaram a patroa. 

Mas esta história do polígrafo e da senhora que, supostamente, não roubou os tachos de cobre da vizinha, está longe de ser a tábua de salvação na luta pelas audiências. É uma questão de tempo. E de moda. Porque depois vem a verdade e tudo se descobre. 

Há uns meses, uma senhora britânica aparecia no mesmo canal a contactar com os mortos. Anne Germain comunicava com os entes queridos, que já tinham partido, não de uma senhora qualquer do Alentejo ou do interior do país, mas sim de figuras mediáticas portuguesas. A audiência da TVI aumentou. Porém, com o tempo o programa deixou de impressionar. 


A vidente saiu do ecrã português. Foi pregar a outra freguesia, desta feita para o país vizinho, fazer o mesmo num programa televisivo espanhol no canal Telecinco. Um jornalista do El Mundo foi investigar a senhora. O seu passado e presente. Descobriu que ali, tal como aqui, era tudo uma farsa: a produção entregava um dossier exaustivo, em inglês, sobre o passado dos convidados, que incluía informações sobre os seus antepassados falecidos e pagava, à vidente, uma pipa de massa. 

Em Portugal houve pouco eco dessa investigação jornalística, que pode ler aqui e aqui, cuja gravidade vai para além das responsabilidades de Anne Germain e abraça, ou deve abraçar, a produção do programa e da estação televisiva em si. 

A pseudo vidente foi embora, agora veio o espanhol com o polígrafo, depois há-de vir outra coisa qualquer. Mas pode ser que, até lá, quem está em casa veja uns desenhos animados divertidos, uma série televisiva que faça descontrair, um programa que enriqueça os seus conhecimentos ou então aproveite para dar uma voltinha a pé. Mal por mal, que venha o Futre.

Marta Araújo

quinta-feira, 22 de novembro de 2012

Já conhece o jogo das marcas?


Acha que sabe muito sobre marcas? Este é um universo que está associado a quase tudo o que nos rodeia. Mas será que lhe damos a devida atenção no decorrer do nosso quotidiano? Estaremos nós atentos a determinados pormenores ou curiosidades? Agora terá a possibilidade de colocar os seus conhecimentos à prova. Tudo porque a Concentra acabou de lançar no mercado português o “Logo – O Jogo das Marcas”, um novo produto que pode muito bem ser “aquele” presente de Natal que andava à procura. 

São mais de 1.500 perguntas sobre algumas das maiores marcas nacionais e internacionais. Tudo isto adaptado a um interessante e criativo jogo de tabuleiro que mais não é do que uma versão portuguesa de um famoso jogo britânico intitulado "The Logo Game". Em Portugal, este produto recebeu o nome de "Logo - O Jogo das Marcas" e promete muita diversão entre amigos e familiares, já que inclui questões relacionadas com o reconhecimento do logótipo das marcas ou perguntas sobre conhecidos slogans de publicidade e factos curiosos relacionados com as mesmas. 

As principais marcas internacionais marcam presença neste jogo, mas o principal destaque é dado às marcas portuguesas e respetivas características e curiosidades. Muitas perguntas vão surpreender pela atualidade do tema, enquanto outras vão apelar às memórias de infância e juventude dos mais crescidos.

E pode começar a testar os seus conhecimentos agora mesmo, uma vez que a Concentra disponibilizou uma versão online do jogo (e gratuita), para praticar e ensaiar respostas até que o jogo "físico" chegue a casa dos interessados. Regina, Pintarolas, Bom Petisco, Nobre, Delta Cafés, Sumol, Compal, Renova, Triunfo, PT, Via Verde e EDP, entre muitas outras, são algumas das marcas portuguesas que estão presentes no jogo, contando cada uma com cerca de uma dezena de perguntas sobre si, relacionadas com imagens, temas gerais ou factos distintos.

Muitas empresas incluídas no jogo estão a aproveitar a oportunidade para se associarem a este lançamento.  A estratégia tem passado por comunicar, em separado, a sua presença neste produto. O Natal está à porta e esta é, sem dúvida, uma forma de distinguir positivamente as marcas, não fossem os jogos e os brinquedos um dos segmentos de produtos mais procurados pelas famílias nesta altura.

O “Logo – O Jogo das Marcas” está recomendado para maiores de 12 anos, sendo que o preço do produto ronda os 30 euros. O mesmo pode ser adquirido em lojas de brinquedos e grandes superfícies como Continente, Jumbo, El Corte Inglés, Fnac, Makro e ToysRus.

quarta-feira, 21 de novembro de 2012

Descobrindo Madrid – Parte II: Zoo Aquarium


Na segunda incursão por lugares especiais de Madrid, vamos falar do Zoo Aquarium. Em família, a dois ou entre amigos, este é o local ideal para quem pretende fugir, nem que seja por algumas horas, ao ritmo frenético de uma grande cidade europeia. Não faltam razões para explorar e desfrutar de uma estrutura que reúne zoológico, aquário, delfinário e aviário.

A história do Zoo de Madrid remonta a 1770. Foi nesse ano que o rei Carlos III fundou a “Casa de las Fieras”, que exibia animais capturados nas colónias americanas, embora também acolhesse exemplares europeus, africanos e asiáticos. Mais tarde, em 1972, o recinto reabriu na Casa de Campo, parque natural de 1800 hectares, o principal pulmão verde de Madrid. 

Projectada em 1560 por Filipe II, que também foi rei de Portugal, para ser uma zona de caça, a Casa de Campo tornou-se parque público em 1931. Aquele terreno é hoje é uma das maiores atrações madrilenas e inclui, além do zoológico, um parque de diversões, um lago artificial e o teleférico da cidade, cuja travessia permite uma privilegiada vista panorâmica para a cidade. 

Para quem preferir os transportes públicos e vier do centro da cidade, o metro e o autocarro são excelentes opções para visitar o Zoo Aquarium. As estações mais próximas ficam apenas a 10 minutos a pé. O teleférico também é uma possibilidade, mas só para apreciadores da natureza, pois o trajeto implica depois uma caminhada de 30 minutos até ao recinto. 

Logo à entrada do jardim zoológico, uma surpresa. Ao contrário do que acontece noutros espaços do género, onde não é permitido alimentar os animais, os visitantes têm a possibilidade de o fazer se comprarem no local a comida apropriada para a alimentação de algumas aves e ursos. 


A partir daqui, começa o périplo por uma vasta amostra de fauna e flora. São mais de 500 espécies e cerca de 6.000 animais. Mas antes, é preciso ter o cuidado de adquirir um mapa do parque para não nos perdermos no meio de tanta bicharada. É que o mapa não está incluído no preço do bilhete (22,25€) e custa 0,60€. 

Ultrapassada a questão anterior, a primeira impressão que salta à vista é a proximidade dos animais, sem que isso traga problemas de segurança. É uma agradável sensação, que tem um efeito hipnótico nas crianças, extremamente atentas a tudo. E os pais, de guia na mão, vão alimentando a curiosidade dos filhos.

Os habitantes do zoo estão distribuídos pelos continentes de origem. Não faltam leões, tigres, gorilas, girafas, águias, zebras, golfinhos, leões-marinhos ou tubarões, mas numa cidade que tem o urso como símbolo, esta espécie tinha de ser uma das apostas. Os pandas são as estrelas da companhia e têm multidões a observá-los. Mas também os ursos pardos, malaios, negros e tibetanos são protagonistas, divertindo o público que lhes atira comida. 




Estamos habituados a encontrar animais exóticos e selvagens num zoológico. Eles estão no Zoo Aquarium, mas partilham o espaço com espécies mais familiares, que poderíamos ver numa quinta, como galinhas, porcos, ovelhas, cabras, patos, burros e cavalos. A decisão faz todo o sentido e o conceito resulta. Nos grandes centros urbanos, muitas crianças e adultos nunca viram, ao vivo, alguns animais domésticos e ali até têm a possibilidade de lhes tocar. 

Neste parque existe um delfinário com capacidade para 3.000 pessoas, onde se fazem espetáculos com golfinhos e leões-marinhos. Poucos metros ao lado, encontra-se o Aquarium, um edifício com quase dois milhões de litros de água e 35 aquários onde se podem ver mais de 200 espécies marinhas. E há ainda o aviário, no qual está uma grande quantidade de aves exóticas e de rapina, que podem ser observadas em cativeiro ou sessões de voos livres.
O Zoo Aquarium de Madrid é um local para se apreciar com tempo. Exige horas para ser explorado de uma ponta a outra, mas revela-se, sem dúvida, um programa bem passado. Tão perto de uma vida cosmopolita intensa, onde abundam as atrações, este é um espaço bem tratado e agradável, em que a natureza se consegue tornar o centro de todas as atenções.


Zoo Aquarium de Madrid