Entrevista com Pedro Barbosa, autor do livro "Harvard Trends 2013"

Docente universitário aponta alguns dos principais desafios atuais que as empresas têm de enfrentar ao nível da gestão e do marketing

O SIM é um espaço online de perspetivas, partilhas, entrevistas e informações inspiradoras

Este é um blogue da LivingBetweenMedia e move-nos a vontade de ver as coisas por um ângulo diferente!

Somos aquilo que lemos? É possível ganhar novas competências na leitura?

Saber escolher as fontes e interpretá-las corretamente é uma competência fundamental numa sociedade onde a informação é aparentemente excedentária

As redes sociais são um desafio para as empresas

Aprender a gerir a presença nas redes sociais é fundamental. A potência viral destas redes funciona para o bem e para o mal

Educar para os media é abrir o olho para o mundo real

No mundo global, um cidadão que saiba interpretar o papel dos media é mais competente em qualquer profissão. A LivingBetweenMedia partilha essa visão

domingo, 27 de janeiro de 2013

Guia de negócios em forma de infográficos

Um guia em forma de infográficos que ensina tudo sobre a arte de empreender. Eis uma iniciativa meritória e original. Funders and Founders estão a criar um livro que o leva a viajar desde o ponto no tempo em que o empreendedor não tem nada na mão, a não ser uma ideia de negócio, até ao sucesso. Em 200 páginas, contendo 50 infográficos, é possível consultar dados sobre a experiência de mais de 1000 fundadores e investidores de empresas. 

Curiosamente, nem metade do livro está pronto, mas a organização já está a divulgá-lo. "A nossa missão é inspirar todos, dos engenheiros às mães, a arrancar com uma startup. Nós chamamos-lhe  startupization". Para saber mais sobre este projeto, veja em Kickstarter ou na página de Facebook.

Source: Funders and Founders
Os conteúdos incluem o seguinte:

* O produto mínimo – a sua ideia é simples quanto baste?
* Criar valor – como acrescentar valor ao produto
* Comunicar a ideia – explicar para testar o conceito
* Marketing viral – as campanhas com mais sucesso
* Começar com um pequeno negócio
* As probabilidades do sucesso e a mentalidade ganhadora
* Como angariar capital

Em 2020, o planeta terá um bilião de empreendedores. A probabilidade de você ser um deles é de 1 para 19. E a probabilidade de você querer ser um deles é de 1 para 7. Veja neste infográfico quando será a melhor altura para começar...

Source: Funders and Founders

Mas a imaginação de Funders e Founders não tem limites. Em tempos de crise, o receio de avançar é um obstáculo. Veja como ultrapassá-lo.

Source: Funders and Founders

sábado, 26 de janeiro de 2013

Havas cria conteúdos de media para os clientes

Numa tentativa de ajudar os clientes a desenvolver conteúdos e maximizar o seu impacto, a Havas Worldwide Nova Iorque (ex-Euro RSCG) acaba de lançar uma unidade nova de media chamada SOE (Shared Owned & Earned), que combina a análise da agência, gestão da comunidade de stakeholders e competências estratégicas de conceber conteúdos.

"Com o lançamento da SOE, a Havas Worldwide Nova Iorque vai albergar uma nova equipa de talentos para o mundo em rede", afirmou Tom Morton, diretor executivo para a  área de Estratégia. Sobre a liderança de Richard Notarianni, nomeado responsável pela SOE, Morton disse: "nós estamos a colocar especialistas em conteúdos partilhados e de propriedade no núcleo da Havas”. 

Como parte da oferta, a SOE vai construir um sistema que permite aos clientes publicarem conteúdo para a web, canais móveis e redes sociais. A empresa contratou Jennifer Bassett como diretora de estratégia de conteúdos para ajudar nesse esforço. Notarianni disse que a SOE abrigaria análise e grupos de planeamento  de conteúdos, sociais e comunitários, para levar os clientes [da Havas] a entender o impacto nos negócios das comunicações em rede. A criação de SOE é o último de uma série de movimentos de reorganização no seio da Havas destinadas a reforçar os esforços de integração na era digital.

Para saber mais sobre os conceitos de "owned & shared media", veja este post do SIM.




quinta-feira, 24 de janeiro de 2013

Depilação + Preservativos = Nova Iorque


O Dia dos Namorados serviu de mote para juntar duas marcas do grupo Reckitt Benckiser numa campanha promocional em Portugal. Não se pode falar de um dueto improvável, mas a Veet e a Durex, uma especialista em produtos de depilação e outra dedicada ao fabrico de preservativos, uniram forças para impulsionar as vendas e surpreender o mercado. 

Para este efeito, as duas marcas vão proporcionar aos seus consumidores uma experiência diferente, com cada uma a oferecer uma viagem a Nova Iorque para duas pessoas. Num passatempo que irá decorrer até dia 10 de Março, nas páginas de Facebook da Veet e da Durex, os participantes apenas terão de comprar um produto de uma das insígnias e escrever uma frase original que contenha o nome da marca respetiva e Nova Iorque. 

A campanha, que para além das redes sociais estará igualmente em evidência nos pontos de venda, inclui ainda a oferta de experiências românticas, cinco por marca, para os concorrentes mais criativos.

quarta-feira, 23 de janeiro de 2013

Smartbook: Como Realizar Apresentações com Sucesso

No mundo dos negócios, e não só, a apresentação de um projeto, trabalho ou ideia, se bem executada, pode fazer toda a diferença. Existem técnicas de linguagem, comportamento e planeamento que podem ser trabalhadas de forma a aprimorar o nosso desempenho na hora de expor determinado assunto. O livro “Como Realizar Apresentações com Sucesso”, lançado pela editora Smartbook, é um guia prático que se revela uma interessante ajuda para aqueles que, no seu trabalho, necessitam de transmitir mensagens de forma concisa e eficaz.

O Livro: Como se sentiria se lhe dissessem que tem de fazer uma apresentação na próxima semana? Iria instintivamente começar a fazer planos para tal ou para delegar a tarefa a outra pessoa? 

As capacidades de comunicação eficientes são uma parte essencial do sucesso dos negócios e da vida em geral. Desde a formação de novos colaboradores ao estabelecimento de rapport com potenciais clientes, a capacidade de transmitir informação de forma clara e com impacto é necessária a quem pertence ao mundo dos negócios, mas muitos a consideram difícil de dominar. “Como Realizar Apresentações com Sucesso” facilita a aprendizagem de tais capacidades. 

A obra guia o leitor através das capacidades de apresentação básicas, desde o planeamento inicial, passando pela estruturação e elaboração de guiões até chegar à apresentação em si, da introdução à conclusão e inclui tópicos como: construir confiança, ser conciso, compreender a linguagem corporal e conceber e utilizar ajudas visuais de forma eficiente.

O Autor: Licenciado em Psicologia Social, Andrew Bradbury conta com mais de 30 anos de experiência na concepção e realização de cursos em capacidades técnicas e ligeiras. É também o autor de “Como Desenvolver as Capacidades de Programação Neurolinguística” (ainda por editar).

Título: Como Realizar Apresentações com Sucesso
Editora: Smartbook
Lançamento: Janeiro / 2013
Género: Guia Prático
N.º de Páginas: 192
Preço: 12,90€

terça-feira, 22 de janeiro de 2013

Google Portugal tem novo líder


José Antonio Martínez Aguilar é o novo líder da Google Portugal, substituindo assim Paulo Barreto no cargo. O espanhol que tem mais de 15 anos de experiência nos sectores de internet, móvel e media, e está na Google há sete anos (ver perfil). 

Licenciado em Engenharia de Telecomunicações pela Universidad Politécnica de Madrid e um MBA do Instituto de Empresa, José Antonio conduz a partir de agora as operações em Portugal, com o foco virado paras PME lusas. O novo líder pretende apostar no “desenvolvimento do negócio junto das empresas portuguesas, agências e anunciantes proporcionando às companhias, de todas as dimensões, aproveitarem todas as oportunidades da Internet para promoverem os seus produtos e serviços a nível local, nacional e internacional”, refere o comunicado da Google Portugal. 

José Antonio fez parte da equipa que iniciou o negócio em Espanha com responsabilidades nas áreas de negócio de Tecnologia, Media e de Telecomunicações. Trabalhou também na Google no Canadá onde lançou e geriu diferentes unidades de negócio, como Finanças e Turismo, e foi responsável pelo programa para pequenas e médias empresas. Em 2011, regressou aos escritórios da Google em Espanha para liderar a equipa de agências com foco no trabalho on-line e offline junto das agências de publicidade com vista ao desenvolvimento de estratégias de investimento nas plataformas Google. 

Antes, tinha sido cofundador e Vice-Presidente de produto, marketing e vendas da mCentric, uma empresa especializada em tecnologia e soluções móveis. José Aguilar iniciou a sua carreira na Airtel (Vodafone Spain), onde trabalhou como general manager da unidade de negócio de Internet e como diretor de desenvolvimento de produtos e serviços, tendo desenvolvido o primeiro serviço de dados móveis em Espanha.

segunda-feira, 21 de janeiro de 2013

Mapa das marcas em tempo de crise

Ian Muttoo / Foter.com / CC BY-SA


As marcas não se posicionam relativamente ao mercado da mesma forma em tempos de crise e prosperidade. As exceções estão normalmente situadas no núcleo premium, uma vez que a escassez e a redistribuição de recursos afeta em menor grau os mais abastados economicamente. Normalmente, em tempos de austeridade o que acontece é um agravamento das desigualdades, frequentemente esmagando segmentos intermédios ao nível do poder de compra. Mas, como veremos, as marcas não jogam as suas apostas tendo apenas em consideração o poder de compra em sentido restrito.



Proponho que olhemos para o espectro do mercado em tempos de crise de uma forma pouco convencional, mas que acredito ser um retrato fiel da realidade atual em Portugal e não só. A minha proposta é muito mais um mapa do posicionamento das marcas perante um mercado transformado pela austeridade (só as premium puras não mudam) e não tanto um mapa de posturas do consumidor perante as marcas. Os mais críticos dirão que o problema é semelhante ao do ovo e da galinha. Em que medida é que as marcas se posicionaram diferentemente devido simplesmente às novas necessidades de consumidores transformados pela austeridade e receio quanto ao futuro?

O espectro do mercado, em termos de alcance de públicos, pode ser dividido atualmente em quatro camadas. Alguns poderão contestar a disposição e afirmar que uma dada marca até pode ter um pé num dos níveis e um segundo pé noutro nível. O argumento é válido, mas isso sempre aconteceu, até nas divisões por segmentos mais clássicas, com destaque para o relógio estratégico de Bowman (1995).



Aquilo a que chamarei Mapa das marcas (em tempo de crise) tem quatro níveis que passo a explicar, partindo do núcleo para o exterior.



1) Marcas céu. São tão exclusivas que excluem a larga maioria. Estamos a falar obviamente de produtos e serviços tão caros que só estão ao alcance de um pequeno grupo de cidadãos. Quem pode comprar um Bentley ou passar umas férias de duas semanas num hotel de 5 estrelas? Quem compra carteiras Chanel ou fatos de homem feitos à mão e a custar mais de 1000 euros? Quem pode ter uma moradia de 10 quartos e piscina aquecida? O preço, associado ao conceito de exclusividade, exclui à partida a maioria da população.


2) Marcas comopremium. Estão entre o nível commodity e premium. Fazem muitos sentir que conseguem uma centelha da felicidade dos ricos. Esta realidade nem precisa de estudos de mercado sofisticados. Basta entrar numa loja de telemóveis ou num espaço de venda Nespresso e constatar o mix de compradores do iPhone 5 e, no segundo caso, de máquinas e cafés da marca criada pela Nestlé. Basta igualmente perceber o sucesso das marcas de automóveis caros que criaram uma espécie de gama média, mais acessível ao grande público. O cliente pode ostentar com orgulho um BMW, um pequeno BMW, é certo. O efeito na mente do consumidor é mágico: ao conseguir comprar aqueles produtos, ele conquista uma centelha de felicidade que aparentemente estaria reservada a segmentos mais altos em termos de poder de compra. Estas marcas estão a meio caminho entre o segmento commodity e o puro premium (inacessível para a maioria).


3) Marcas babás. Dão colo ao consumidor. São companheiras, inteligentes e dão conselhos. São tendenciamente populares e não necessariamente low-cost. No mundo “red ocean” de grande competição e em que a prosperidade empurrava as marcas para a imagem em detrimento do conteúdo, bastava dizer qual era a proposta de valor para o consumidor. Uma taxa de juro X? Um desconto Y em cartão? A proximidade física devido ao número elevado de pontos de venda? Somos os mais baratos? Os mais originais e de preço acessível? Do outro lado deste diálogo, estavam consumidores que tinham mais ou menos poder de compra. Mas tinham algum, com certeza, e reinava na sociedade um otimismo generalizado quanto ao futuro. Daí que o crédito galopasse sem obstáculos. De repente, a austeridade na Europa, particularmente sentida desde 2008, criou um universo alargado de consumidores com menos poder de compra, mais receosos relativamente ao futuro. Aqueles que pouco perderam ou que até nem perderam preferem poupar e, se necessário, gastar sabiamente. O receio sobre o futuro é um travão, por vezes um travão a fundo. Algumas marcas acordaram e já não anunciam só a taxa de juro X ou a promoção Y. Elas dão colo a estes consumidores cautelosos, receosos e cada vez mais racionais. Repare-se nos conselhos dados pelo Continente em 2011 (primeiro vídeo) e como tudo era diferente em 1991 (repare na última frase áudio do anúncio). O anúncio de há mais de uma década fala em prémios e “comprar”. Atualmente, a palavra chave é “poupar” e a postura é ajudar o consumidor a fazê-lo, e até dar-lhe colo com conselhos sobre, por exemplo, poupar tempo. Há muitos mais exemplos noutras marcas.



4) Marcas transversais. São do tipo commodity low-cost e começam a ser usadas por todo o tipo de consumidor,  nomeadamente o "smart downtrader shopper" (SDS). O que tem de curioso este tipo de marcas é que em tempo de crise acabam por chegar a vários segmentos e isso não acontecia antes. Têm feito um percurso de baixo para  cima, nomeadamente devido aos consumidores de alto ou médio poder de compra que estão mais receosos ou conscienciosos e ao aparecimento do SDS. Estas marcas têm o potencial para fazer um marketing para segmentos cruzados e aí é que está o desafio, ainda não totalmente capitalizado a seu favor. No entanto, esse posicionamento foi em certa medida percebido com a criação de marcas brancas premium. Claro que este tipo de produto é igualmente “aproveitado” pelas marcas que estão na camada 2 do mapa (marcas entre o nível commodity e premium). Por vezes, serão uma e a mesma marca. Estar ou não estar nos dois níveis (2 e 4) dependerá do grau de racionalização do posicionamento na cabeça do estratega de marketing. Na perspetiva dos consumidores, estar ou não nos dois níveis é também possível, como é evidente. Espera-se, obviamente, que a marca perceba qual é o seu posicionamento real em tempo de crise neste mapa para poder capitalizar o melhor possível a comunicação com os atuais e potenciais clientes.


domingo, 20 de janeiro de 2013

As marcas que mais mencionámos nas redes sociais

Já se perguntou sobre o que falam as pessoas nas redes sociais? Portugal é o país da Europa onde mais se utiliza a internet para aceder às redes sociais e partilhar conteúdos. Só o Facebook possui mais de 4,5 milhões de membros portugueses e, de acordo com um estudo recente, em média gastamos 88 minutos por dia nos “social media”. Daí que seja interessante verificar sobre que assuntos falam os portugueses nas redes sociais. Aproveitando os resultados do serviço “Social Media Explorer”, disponibilizado pela Marktest, é possível saber quais as marcas que, nos últimos meses, concentraram maiores atenções no mundo virtual. 

São vários os assuntos que saltam à vista dos cibernautas portugueses. Por exemplo, a 12 de novembro, uma notícia (ver vídeo) relativa a um agricultor sueco que alterou o seu trator com um motor da Volvo contou com um elevado número de referências no Facebook, enquanto o anúncio do lançamento do novo Blackberry 10 e um acordo entre a Apple e a HTC para o licenciamento de patentes foram temas mais discutidos no Twitter. 

Como se conclui, o tipo de assuntos e marcas que se discutem são diferentes entre as redes sociais. O Facebook parece ser o palco eleito para falar de promoções de algumas marcas. Em novembro e dezembro últimos, esta rede social contou com muitos comentários acerca de uma falsa promoção feita pelo Pingo Doce, de uma promoção do Minipreço com iogurtes da Nestlé, de grandes descontos que a Fnac estava a preparar e sobre a época de saldos na Zara. 

Por sua vez, a atividade da página de Facebook do Licor Beirão, que atingiu 200.000 fãs também foi muito partilhada pelos utilizadores portugueses. Por seu lado, os temas mais económicos têm maior apetência para o Twitter. As notícias da contratação do novo diretor geral da Microsoft Portugal, da privatização da TAP ou da possível fusão entre a Zon e a Optimus foram muito referenciadas em dezembro. Eventos musicais como o Vodafone Mexefest e o Optimus Alive 2013 também foram falados no Twitter, gerando muitos comentários acerca das bandas que irão estar presentes. 

E no dia 25 de dezembro? A marca mais falada pelos portugueses nas redes sociais durante o dia de Natal foi a Apple. Depois da elevada procura na época natalícia, e abertos que foram os presentes, os produtos da marca da maçã, iPad e iPhone, motivaram imensas partilhas de mensagens e imagens.

Já em 2013, para além das conhecidas polémicas com a campanha da Samsung e a redução de trabalhadores na Sumol/Compal, temáticas como a renovação da marca Meo, o aumento de capital do Banif e o novo tarifário Smart lançado pela Optimus, tiveram amplo espaço nas redes sociais. 

Os portugueses gostam de falar de marcas nos “social media” e saber assumir o papel de consumidores. As promoções são motivo de partilha, as notícias geram discussão e as polémicas são fonte de indignação. Por outro lado, parece haver uma tendência para separar as águas entre Twitter e Facebook. No primeiro, os temas económicos tomam a liderança, enquanto o segundo parece mais adequado para se falar das marcas de consumo. 

As empresas sabem que hoje é um imperativo estar presente nas redes sociais. Não fazê-lo seria um erro estratégico para as suas marcas. Porém, não basta estar online. Para gerar “buzz” positivo há que ir ao encontro das expetativas dos utilizadores e ter muito cuidado com o que se diz e faz. Senão corre-se um risco ainda maior: a auto-destruição de valor da marca. E são erros que se pagam caro. O exemplo acima da Sumol/Compal ilustra bem esta questão.

sábado, 19 de janeiro de 2013

Quando os jornalistas falham...

O trabalho de um jornalista está sujeito a erros. Ainda mais nos tempos de hoje. Com as redações cada vez mais pequenas, os órgãos de comunicação social têm lidar com a pressão do tempo para serem os primeiros a informar os seus leitores, ouvintes ou telespetadores. Sem tempo para confirmarem a veracidade de todas as fontes, este é muitas vezes um impeditivo de um trabalho de qualidade, com os jornalistas a ficarem mais sujeitos ao erro, rapidamente visível para um grande número de pessoas. 

Voltando a um assunto já referenciado no SIM, aqui e aqui, a “informação beta” é um paradigma da comunicação atual. As imprecisões e os erros acontecem a qualquer momento e as audiências são as primeiras a cobrar. Este fenómeno não é exclusivamente português e acontece um pouco por todo o mundo. Até mesmo nos países que identificámos como mais “desenvolvidos”. 

O exemplo em baixo ilustra bem o que acontece, quando as notícias falham por carecerem de uma maior confirmação. Nos EUA, uma televisão de Chicago, durante a emissão em direto do seu noticiário da manhã, decidiu colocar no ar imagens de última hora, não editadas, de um suposto acidente com um pequeno avião que se havia despenhado numa auto-estrada de elevado tráfego. 

Sem grandes informações sobre o assunto, os dois pivots levaram vários minutos a descrever a ocorrência, totalmente admirados com o que acabava de acontecer. O pior estava para vir quando, com algum embaraço à mistura, anunciaram que tinham sido finalmente informados de que, afinal, aquele era um cenário montado para as filmagens de uma série de televisão. Mais tarde, veio a saber-se que se tratava de uma mera gravação de imagens para a série “Chicago Fire”, que estreou esta temporada e retrata o quotidiano de um quartel de bombeiros. 



Tomar decisões em tempo recorde, assume riscos, tal como se viu. O fluxo de informação está em permanente atualização e a exposição ao erro torna-se uma fragilidade dos jornalistas. Falhas como a do vídeo, acabam por ser uma inevitabilidade em certas ocasiões.

sexta-feira, 18 de janeiro de 2013

Sabe quantas notícias passaram na TV em 2012?

Os telejornais emitidos pelos canais generalistas portugueses, embora diferentes nas opções editoriais, têm uma característica em comum: são espaços de longa duração. Os números vêm confirmar isso. Um estudo da Marktest revela que os serviços regulares de informação de RTP1, RTP2, SIC e TVI, em sinal aberto, emitiram cerca de 89 mil notícias durante 2012. Ao todo, foram mais de 2.835 horas de informação, o que corresponde a uma média, por canal, de 1 hora e 56 minutos de conteúdos diários. 

Entre janeiro e dezembro de 2012, contabilizaram-se 88.781 notícias nos programas Jornal da Tarde, TeleJornal e Portugal em Directo (RTP1), Jornal 2 (RTP2), Primeiro Jornal e Jornal da Noite (SIC), Jornal Nacional e Jornal da Uma (TVI). Em conjunto, estes espaços informativos exibiram perto de 250 notícias por dia. E tal como em anos anteriores, o número de notícias (4,6%) e o tempo de duração das mesmas (3,1%) aumentou em relação a 2011. 

A pergunta que se coloca é: são os portugueses que gostam de telejornais ou, por seu lado, as televisões é que impõem tamanha produção noticiosa? A resposta será híbrida. Hoje em dia, os telejornais transformaram-se num produto televisivo que, para além de informar, assume a função de entreter o telespetador e conquistar audiências. Não é por acaso que estes espaços antecedem os horários nobres e servem de âncora para segurar as pessoas para programas seguintes. 

Numa sociedade em que o tempo é escasso e a informação gira a toda a velocidade, a televisão surge como um meio fácil e barato para os cidadãos se manterem atualizados sobre o que se passa no país e no mundo. É o meio das massas. O formador de opinião, mesmo que apenas exiba um pequeno fragmento da realidade em cada notícia. 

Enquanto as vendas de jornais e revistas caem (e dificilmente voltarão aos valores de outros tempos), a rádio batalha pela sobrevivência e a internet vai aumentando o número de utilizadores, num contexto que está a alterar a estrutura do mercado publicitário, a televisão continua a concentrar a preferência dos portugueses. Os horários das 13h e das 20h são momentos sagrados, mas nem sempre cumprem o dever de informar. 

De que vale exibir imensas notícias, e o telespetador não ficar devidamente informado sobre as mesmas? Em média, cada peça televisiva teve duração inferior a dois minutos, tempo insuficiente para que se possa criar um conhecimento aprofundado sobre determinado assunto. E é com esta informação fragmentada que diariamente vivemos.

A análise da Marktest refere que a RTP1 foi o canal com maior quota em número de notícias (32%) e em duração (33%), o equivalente a 28.251 notícias e 931 horas de emissão. Na RTP2 passaram 7.285 notícias (8% do total) com uma duração total de 218 horas (8%). A SIC emitiu 25.639 peças (29%) de mais de 853 horas de duração (30%), tendo a TVI emitido 832 horas de informação regular (29%) repartidas por 27.251 matérias (31%). 

Noutra perspetiva, não deixa de ser curioso em Agosto, altura a que os jornalistas costumam apelidar de “silly season”, época do ano em que as notícias são quase inexistentes, tenha sido o mês de 2012 com maior nível de produção noticiosa na televisão portuguesa, com um total de 7.995 peças e mais de 251 horas de emissão. É o que vulgarmente se chama de “encher chouriços”. 

Mesmo que a notícia não exista, há grelhas de programação para preencher e notícias para repetir. Um telejornal longo é sempre melhor do que um breve noticiário. Voltam os mesmos assuntos de sempre, repetem-se as entrevistas do costume e aparecem os comentadores habituais a falar de temas menores. Por seu lado, o consumidor passivo, que é o telespetador, limita-se a receber o que lhe dão. Ou talvez não... O consumidor tem o poder de decidir e mudar de canal. Tal como já acontece nas redes sociais, sabe procurar a informação que lhe é mais útil e quer estar perto do seu processo de produção. Quem não perceber isto, um dia acabará surpreendido com as suas audiências.

sexta-feira, 11 de janeiro de 2013

Quando as marcas não controlam os seus bloggers


O marketing atual já não consegue controlar as suas ferramentas, tudo porque "earned media" não é exatamente "paid media" e muito menos "owned media". Vem isto a propósito de a Samsung se ter visto envolvida numa série de peripécias que denunciam alguma incapacidade para lidar com bloggers patrocinados. O resultado é a destruição (e não a criação) de valor para a marca.

Segundo o Dinheiro Vivo (veja aqui artigo completo), a confusão da Samsung ocorreu com  duas bloggers.

É uma moda adotada por muitas marcas e até tem corrido bem, porque os bloggers, normalmente de moda e de tendências, falam bem do produto e até o aconselham, seja através de post ou vídeos, entre outros.

Só que às vezes as coisas não correm assim tão bem como parece ser o caso da Samsung, que acabou por retirar os filmes em que surgem as bloggers Filipa Xavier (fashion-a-porter) e Susana Rodrigues (The Stiletto Effect).



De facto, basta ver o vídeo de Filipa Xavier para perceber que a futilidade ou até infantilidade da protagonista dificilmente acrescentariam valor à marca Samsung.


Outro caso, talvez ainda mais curioso, aconteceu com dois bloggers indianos especializados em tecnologia. Parecia um sonho quando a Samsung os convidou, prometendo pagar as despesas, para irem a uma feira do setor em Berlim. O pior foi quando chegaram. A Samsung queria que eles vestissem uniforme da marca e exibissem e explicassem os produtos da marca aos visitantes da feira. Os bloggers recusaram-se e a Samsung retirou-lhes o apoio, ficando os dois a milhares de quilómetros da Índia sem um tostão no bolso. Claro que os media relataram a situação, destruindo valor para a marca Samsung. "What you do right or wrong it will always come back to you", apetece dizer. Em português seria "cá se faz, cá se paga e rapidamente", tendo em conta que vivemos num mundo mediático, onde os canais de informação são mais do que muitos. O que fazemos não fica na penumbra, mas parece que há marcas que ainda não aprenderam (veja aqui artigo do The Guardian sobre este caso).


Repare-se que tanto no caso das bloggers portuguesas como no caso dos indianos, há um cruzamento complicado entre "paid media" e "earned media" e a confusão deriva precisamente das expectativas erradas de uma ou de outra parte.  Atente-se no esquema explicativo sobre as diferentes formas como o marketing pode utilizar os media.


Media pagos (paid media). O espaço nos media pagos ou comprados refere-se ao investimento pelas marcas para conseguir captar a atenção através de meios online ou offline. As ferramentas online incluem anúncios tipo banner, pesquisas Pay Per Click (PPC) anúncios ligados a pesquisas, publireportagens e opiniões condicionadas (advertorials), patrocínios, links patrocinados e pay-per-post blogging. No entanto, os tradicionais media offline, nomeadamente a imprensa e a televisão, bem como o emailing direto continuam a representar a maioria dos gastos das marcas com media pagos.

Interesse mediático (earned media). Em Inglês chama-se earned media, isto é, media conquistados ou interesse mediático suscitado junto de terceiros. Tradicionalmente, o interesse mediático liga-se à divulgação gerada após um esforço de R.P. e assessoria de comunicação focado em decisores estratégicos [jornalistas, editores, opinion makers aparentemente independentes que escrevem ou falam em media offline]. Este investimento, cujos reflexos podem  ocorrer tanto nos media tradicionais como nas redes sociais, ainda é importante. Mas “earned media” também inclui o WOM que pode ser estimulado com media marketing nas redes sociais e inclui diálogos travados nesses ambientes, blogs e outras comunidades virtuais. Devemos pensar que dentro da estratégia de marketing de uma dada marca, o pilar do interesse mediático é desenvolvido através de diferentes parceiros, nomeadamente editores, bloggers e outros influenciadores, incluindo clientes prescritores ou destruidores de valor.

Media propriedade (owned media). São media controlados total ou maioritariamente pela marca. No plano online, incluem sites próprios, blogs, aplicações móveis ou presença em redes sociais como o Facebook, LinkedIn ou Twitter. No plano offline, os media propriedade podem incluir brochuras ou lojas de retalho. No entanto, há também exemplos de imprensa e canais televisivos por cabo que pretendem projetar a marca proprietária, caso das TV do Real Madrid, Barcelona, Manchester United, Chelsea ou até do Benfica.

Sem me querer alargar mais, diria que o caso Samsung se deve à tendência de confundir abordagens típicas de "earned media" com "paid media".

O facto é que o descontrolo relativamente aos projetores (aqueles que projetam a marca) tem trazido muitos dissabores a patrocinadores. Veja-se o caso de Armstrong, o famoso ciclista que perdeu todos os seus títulos devido a doping. Uma das marcas prejudicadas foi a Nike, que imediatamente retirou o seu patrocínio (veja notícia aqui).