Entrevista com Pedro Barbosa, autor do livro "Harvard Trends 2013"

Docente universitário aponta alguns dos principais desafios atuais que as empresas têm de enfrentar ao nível da gestão e do marketing

O SIM é um espaço online de perspetivas, partilhas, entrevistas e informações inspiradoras

Este é um blogue da LivingBetweenMedia e move-nos a vontade de ver as coisas por um ângulo diferente!

Somos aquilo que lemos? É possível ganhar novas competências na leitura?

Saber escolher as fontes e interpretá-las corretamente é uma competência fundamental numa sociedade onde a informação é aparentemente excedentária

As redes sociais são um desafio para as empresas

Aprender a gerir a presença nas redes sociais é fundamental. A potência viral destas redes funciona para o bem e para o mal

Educar para os media é abrir o olho para o mundo real

No mundo global, um cidadão que saiba interpretar o papel dos media é mais competente em qualquer profissão. A LivingBetweenMedia partilha essa visão

quinta-feira, 28 de fevereiro de 2013

Actual Editora: Novas Tendências em Marketing Intelligence


A decisão de compra acontece a qualquer hora, em qualquer instante, em qualquer lugar, mesmo que nenhum espaço comercial esteja perto de nós. Basta um dispositivo móvel e com acesso à Internet, para que o possamos fazer. Trata-se de uma dinâmica que vem imprimir novos desafios às marcas, que buscam incessantemente pela forma apropriada  de proporcionar as emoções exatas aos seus clientes através destas plataformas.

As redes sociais, as aplicações e novas tecnologias são oportunidades atrativas para que marcas e consumidores se aproximem. Mas tal só gera valor efetivo às chancelas se for devidamente conhecido e aplicado. Pedro Quelhas Brito e Pedro M. Campos são os organizadores deste livro, cujo conteúdo apresenta uma série de informação sobre "Novas Tendências em Marketing Intelligence", como o próprio nome indica.

O Livro: O mundo está hoje dominado pela informação e uma das qualidades dos decisores deve ser a sua capacidade de compreender e antecipar as necessidades do mercado. A Internet e os suportes de decisão associados à nova economia desempenham um papel fundamental na evolução dos sistemas de informação, proporcionando vantagens comparativas a quem os dominar.

O Autor: Pedro Quelhas Brito é Professor Auxiliar da Faculdade de Economia da Universidade do Porto e Diretor do Mestrado em Gestão Comercial, é coordenador dos vários programas na EGP-UPBS (Escola de Gestão do Porto): Pós-Graduação em Gestão de Vendas, Pós-Graduação em Comunicação Empresarial, Pós-Graduação Gestão de Informação e Marketing Intelligence e Pós-Graduação em Gestão do Turismo e Hotelaria. Doutorado em psicologia do consumidor pela UMIST no Reino Unido, autor e co-autor de vários livros e investigações científicas publicadas em revistas internacionais, trabalhou complementarmente junto da distribuição/retalho, saúde, hotelaria, turismo, alimentação e imobiliária na qualidade de consultor, na realização de estudos de mercado e como comercial.

Pedro M. Campos é Doutor em Ciências Empresariais pela Universidade do Porto e é Professor Auxiliar na Faculdade de Economia do Porto onde lecciona Estatística, Análise de Dados e disciplinas das áreas de Sistemas de Informação dos vários ciclos de estudos. É também Metodólogo no Instituto Nacional de Estatística onde já Chefiou o Serviço de Difusão da Direcção Regional do Norte e Coordenou o Núcleo de Difusão Electrónica de Informação. É membro do LIAAD INESC TEC, LA.- Laboratório de Inteligência Artificial e Análise de Decisão. Coordena a Pós-Graduação em Gestão da Informação e Marketing Intelligence na Porto Business School. É actualmente Deputy-Director do International Statistical Literacy Project (da International Association for Statistical Education), onde desempenha funções no âmbito da promoção da literacia estatística um pouco por todo o mundo.


Título: Novas Tendências em Marketing Intelligence
Editora: Actual Editora
Lançamento: Fevereiro / 2013
Género: Marketing
N.º de Páginas: 296
Preço: 18,00€

domingo, 24 de fevereiro de 2013

Mango lança novas marcas e negoceia com a Blanco

Apostar no segmento infantil é o passo que se segue no universo da Mango. A chancela Mango Kids estará à venda  na próxima coleção outono/inverno, mas o ano de 2013 promete mais uma novidade: o lançamento de roupa para desporto, que se chamará Sport & Intimates. Para 2014, a marca já anunciou que vai apresentar uma linha de roupa para jovens, a Mango Young. 

A chancela espanhola continua assim a prosseguir o caminho do crescimento. Em 2012, a marca faturou mais 20% do que em 2011, ano em que tinha vendido o equivalente a 1.408 milhões de euros. Feitas as contas, no ano passado, a Mango, que tem cerca de 1600 pontos de venda em 109 países, registou vendas na ordem dos 1.700 milhões de euros. 

Depois da aposta no lançamento masculino, com a marca H.E. e a Touch, lojas vocacionadas para mostrar os acessórios da Mango, a empresa deixa-se embalar no sucesso e prepara-se para piscar o olho aos pais e avós. Na sua página de Facebook, a marca vai já levantando o véu, através da colocação de um post com a indicação “Coming Soon – Fall/Winter 13” no qual é visível uma foto de com uma pequena camisola infantil. 

O post conta mais de 8000 “Gostos” e 126 comentários. A curiosidade e a expetativa está lançada, sendo que a empresa prevê abrir, em 2013, 300 novos pontos de venda em todo o mundo. 

Entretanto, há rumores (veja aqui a notícia) que indicam que o grupo catalão está interessado em adquirir a marca Blanco que começou há vários meses um processo de busca de sócios para garantir o seu futuro. Em cima da mesa das negociações estão duas possibilidades: a compra da marca ou a aquisição de espaços comerciais da marca.

Perante todos estes planos de expansão, não faltarão novidades da Mango para surpreender os seus seguidores mundiais. 

Marta Araújo

segunda-feira, 18 de fevereiro de 2013

Brand Story: Adidas e Puma

Nesta rubrica, vamos dar a conhecer algumas histórias que envolveram a criação e desenvolvimento de marcas famosas. Um espaço para falar das ideias que originaram grandes negócios e de como pequenos detalhes podem fazer a diferença na conquista de mercado. 

Esta história tem início na Alemanha, numa pequena cidade da Baviera. Foi ali que, em 1924, Adolf Dassler, um ex-combatente da Primeira Guerra Mundial, começou a desenhar e produzir calçado desportivo. O seu irmão, Rudolf Dassler, que já tinha experiência como vendedor, juntou-se ao negócio e o passo seguinte foi a criação de uma fábrica de calçado desportivo, a Gebrüder Dassler Schuhfabrik. 

A aventura dos irmãos Dassler começou na casa da mãe, usando a lavandaria como unidade de produção. Na altura, a cidade nem sempre tinha um abastecimento de eletricidade constante, pelo que era necessário dar energia aos equipamentos de produção através do pedal de uma bicicleta ergométrica.

O negócio prosperou e, antes da Segunda Guerra Mundial, a empresa vendia cerca de 200 mil pares de calçado por ano. Para chegar a este montante, os Jogos Olímpicos de Berlim, em 1936, tiveram um papel importante. Adolf Dassler deslocou-se de carro até à aldeia olímpica com uma mala cheia de amostras e convenceu o americano Jesse Owens a usar o seu calçado na competição. Foi o primeiro patrocínio dado a um afro-americano. O atleta venceu quatro medalhas de ouro e consolidou a boa reputação da empresa junto dos principais desportistas. E começaram a chegar encomendas de vários cantos do mundo. 

Ambos os irmãos eram membros do Partido Nazi, sendo que Rudolf tinha uma relação mais estreita com o partido. Durante a Segunda Guerra Mundial, a empresa teve de suspender a produção de calçado para se dedicar à produção de uma arma anti-tanques, a Panzerschreck, para o exército alemão. 

Depois da guerra, as rivalidades familiares (as esposas não se davam bem), as divergências políticas e pessoais, assim como o desacordo em relação ao futuro da empresa, acabaram por levar os irmãos alemães a colocar um ponto final na sociedade, acabando cada um por seguir o seu próprio rumo com empresas novas em 1948. 

Adolf, usando o seu apelido “Adi” e as três primeiras letras do sobrenome (“das”), fundou a Adidas. E Rudolf, criou a Ruda, sendo mais tarde aconselhado a mudar o nome para… Puma. E de uma rivalidade entre irmãos nasceram duas das principais marcas mundiais de material desportivo. 

7 Notas Curiosas

  • Depois da Segunda Guerra Mundial, e antes da separação do negócio, os irmãos Dassler passaram por enormes dificuldades. A matéria-prima era escassa e foi necessário recolher dos escombros da guerra a lona e a borracha necessárias para a fabricação do seu calçado. 
  • As três listas que fazem parte da identidade visual da Adidas foram criadas por Adolf Dassler e tornaram-se populares na década de 60, após o lançamento de uma linha de vestuário. 
  • A estratégia da Puma passou pela associação da marca a desportistas famosos. O Mundial de 1950, com o apoio a jogadores da seleção alemã e o patrocínio a atletas nas Olimpíadas de 1952, serviram para divulgar a marca e chamar a atenção dos consumidores. 
  • No Mundial de 1970, Pelé foi a imagem da Puma. Num jogo Brasil-Perú, antes do início, Pelé, instruído por Rudolf Dassler, pediu mais um tempo para apertar os cordões das chuteiras. Todas as câmaras se focaram no jogador e na marca das chuteiras. Tratou-se de uma precursora e criativa jogada de marketing.
  • Pelé deu a cara pela Puma, mas calçou Adidas no Mundial de 1970. O jogador não quis correr riscos em ganhar calos com chuteiras novas. E como resolveu o problema? Pintou as chuteiras Adidas de preto, apagando as três listas brancas e pintando uma lista branca no fundo preto, que era a imagem da Puma. Pelé fez marketing para a Puma, mas jogou com Adidas. 
  • Rudolf Dassler morreu em 1974 e os seus filhos Armin e Gerd Dassler venderam a empresa em 1989. Desde 2007, a marca integra o grupo francês PPR, dono de marcas como Gucci, Yves Saint Laurent, La Redoute e Fnac. 
  • A terceira geração ainda está ligada a um dos negócios. O neto de Rudolf Dassler, Frank Dassler é hoje um importante administrador da Adidas. Esta empresa, por seu lado, detém desde 2005 outra das principais marcas mundiais, a Reebok.

sexta-feira, 15 de fevereiro de 2013

Ter ou não ter cu nas capas dos jornais

Francisco José Viegas conseguiu uma proeza: causar embaraço aos jornalistas e editores dos jornais diários. Basta olhar para as capas de hoje e perceber o conservadorismo e o baralhar de cartas no chamado sensacionalismo. A culpa é do cu. 

Senão vejamos: apesar de a palavra cu existir no dicionário de língua portuguesa, o Correio da Manhã recusou escrever o vocábulo; o Diário de Notícias diz que o ex-ministro “irrita a maioria PSD/CDS-PP”; o Público faz manchete com o tema da “caça à multa junto dos consumidores” e diz que antigo governante usou um “palavrão”; o Jornal de Notícias foi o único que assumiu e publicou a palavra na íntegra. 

Nenhum deles estará certo. Da mesma forma que nenhum estará errado. Na prática, cada um cumpre a sua linha editorial e mostra, ou não, os seus pudores. Apesar de ser uma citação de post do escritor no seu blogue pessoal (ver aqui), a situação causou embaraço e dúvidas nas redacções. 

Escrever a palavra cu na capa de um jornal pode ser, de alguma forma, insultuoso para o leitor? Ou, por outro lado, ao citar na íntegra, expõe em demasia o autor da expressão? Ou será que Francisco José Viegas não queria dizer exatamente aquilo? 

Uma coisa é certa: a expressão virou notícia porque foi emitida por um recém-ex-secretário de Estado do atual Governo de um país em recessão. É caso para dizer que jornalistas, editores e diretores saíram, por breves instantes, da sua área de conforto.









Marta Araújo



quinta-feira, 14 de fevereiro de 2013

Pistorius era uma promessa para as marcas e destruiu valor


O atleta sul-africano Oscar Pistorius, primeiro paralímpico a participar nos Jogos Olímpicos, conhecido como Blade Runner, foi detido para interrogatório pela polícia, por suspeita de matar uma mulher na casa dos 20 anos, identificada como sendo a namorada. Trata-se da queda de mais um anjo e, consequentemente, mais um bom exemplo de como a associação de uma figura pública pode destruir valor para as marcas que a ela se associaram. Pistorius é um caso especial, uma vez que atletas como Lance Armstrong corporizam algo que aponta para o conceito de super-homem ou de perfeição. Mas alguém que não tem duas pernas, acrescenta algo bem diferente às marcas.



Depois do escândalo de doping no ciclismo, chega a desgraça ao atletismo. Lance Armstrong confessou ter tomado substâncias dopantes desde o início da carreira e em cada uma das sete vitórias no Tour de França. Agora, com o corredor caem também em desgraça os patrocinadores. As próteses que têm dado fama a Pistorius são conhecidas como cheetahs (leopardos) e quem as fabrica é uma empresa da Islândia. Cada par custa mas de 20.000 euros. Sobre a mesa tinha duas ofertas de Hollywood para levar sua história ao grande ecrã. Os patrocinadores também o disputavam: ele era uma das imagens de marcas como a Visa, Honda, Ossur, Nike, Oakley e também dos cosméticos Thierry  Mugler.

Vale a pena perceber a perspetiva do grupo Clarins, dono da Mugler, ao escolher alguém como Pistorius. ”Vivemos uma época na qual é importante as pessoas entenderem que o mundo representa diversidade e que o conceito de beleza convencional não existe”, disse o senhor Joel Palix, presidente do Grupo de Fragâncias Clarins.

Pistorius tinha algumas características às quais algumas marcas gostam de se associar: diferenciava-se pela sua… diferença intrínseca (a de amputado), era corajoso, único (primeiro a ser admitido nos olímpicos) e exemplar, dentro e fora da pista, pelo menos até ao dia 14 de fevereiro de 2013.  O problema de personalidades como Pistorius é que estão a meio caminho entre “paid media” (pagam-lhe para ele aparecer em cartazes ou spots televisivos) e “earned media” (os consumidores envolvem-se com a marca em muitos casos devido à figura pública associada e falavam do assunto entre si). Mas “paid media” é suposto ser uma ferramenta em que se controla o processo e “earned media” envolve riscos por falta de controlo das mensagens. Um “sponsored customer” ou “paid ambassador” (não seria embaixador se fosse um perfeito desconhecido, um típico modelo de perfil físico adequado) está a meio caminho. As marcas controlam os suportes e a mensagem de determinada campanha, mas se a figura central é famosa e tem comportamentos desviantes ou incongruentes, a destruição de valor é imediata através da própria comunicação social que serviu de suporte criador de valor. Se em vez de Pistorius tivesse sido um modelo desconhecido a ser detido por suspeita de assassínio, o mais provável é que nem fosse notícia a nível mundial e, logo, as marcas não sofreriam o efeito ricochete.



O problema é que as marcas possuem hoje uma série de ferramentas que podem criar ou destruir valor e as suas ações ou as ações de quem fala ou atua por elas (funcionários, contratados para publicidade, “paid ambassadors”, entre outros) são mais ou menos controláveis, tudo dependendo do poder que se tem sobre a pessoa (um funcionário está sob maior pressão para adequar o seu comportamento aos princípios, identidade e visão da marca). A marca move-se, portanto, entre um terreno de promessas e um de maiores certezas. Pistorius estava do lado esquerdo do esquema que podemos ver a seguir.

FONTE: CHUCK BRYMER (2003)
Este vídeo pode parecer desmentir o que eu digo. A Nike sempre apostou em celebridades do mundo do desporto e sempre se deu bem no mercado de capitais. Isto é, após alguns escândalos, as ações subiam, sobretudo depois de os casos estarem esclarecidos. Mas o valor da marca não se mede só pelo comportamento das suas ações. Se os mercados fossem racionais, a Europa não estaria na crise em que está.