Perante uma plateia composta por empresários, estudantes e docentes universitários, bem como alguns fãs à mistura, o cantor Tony Carreira visitou no dia 31 de maio, sexta-feira, a Universidade Lusíada de Vila Nova de Famalicão para falar sobre a importância da gestão do talento. Uma conversa, em formato de entrevista ao vivo, onde falou sobre a sua profissão e o atual estado do país.
Para o músico, o talento é importante mas é necessário trabalhar muito para ter êxito. “O talento é uma coisa que se sente, nos dá força e na qual temos de acreditar. Comecei a cantar aos 16 anos e o primeiro sucesso discográfico surgiu aos 30. Foi um período que me deu uma bagagem de resistência e saber muito importante”, explicou.
Fazendo “aquilo de que se gosta”, o talento pode ser exponenciado, mas há ainda outras caraterísticas para avaliar na área musical e nos 50 colaboradores que o rodeiam. Questionado sobre o que mais valoriza num colaborar salientou: “para mim, tem de se enquadrar duas vertentes: ser um bom executante de música e ter boa postura nas relações humanas. Sem isto, não se é bom profissional e só se prejudica o grupo”, salienta.
Tony Carreira, enquanto músico e empresário, assume a liderança de toda a estrutura que o acompanha e até analisa currículos de candidaturas que chegam à sua empresa. “Tenho as minhas ideias e faço as coisas como quero. Sou muito exigente com todos, da mesma forma que sou comigo. Sou amigo das pessoas, mas é preciso respeitar o trabalho que se faz. Ninguém faz nada sozinho e uma equipa que veste a camisola faz milagres”.
Ciente de que também é uma marca, que se vende por si mesma no mercado, o cantor não aprecia essa dimensão. “Sei que sou uma marca, mas é algo que me incomoda e não dá prazer. Admiro os marketeers e tenho tirado imensas lições com alguns, mas prefiro passar uma imagem correspondente à paixão com que faço a minha música. No entanto, com a longa carreira que tenho, posso dizer que sou mais uma marca do que um artista de marketing”.
E a exposição mediática, também traz responsabilidades. “Uma figura pública deve ser um exemplo para a sociedade e tem uma dívida de gratidão para com os fãs. Foram precisos 15 anos até eu ser visível. E quando isso acontece, a responsabilidade é muito maior". Tony Carreira dá mesmo um exemplo: Sou fumador mas evito fazê-lo em público. Há que sensibilizar para boas causas e não para maus hábitos”.
Sem talento e sem muito trabalho, nada feito. Tony Carreira entende que é disto que Portugal precisa. “Temos um país maravilhoso, com uma história fantástica. Há que aprender com os erros do passado e apostar em bons profissionais, políticos e gestores”. Além disso, há que valorizar o que é nosso. “Tendemos a apreciar mais o que vem de fora. Isso está errado. Falta-nos defender o que é português. Em Espanha, a filosofia é essa. E a saída desta crise económica também passa por consumir o que é nacional”.
Embora tenha sido emigrante no passado, Tony Carreira entende que esta não é a solução para os jovens portugueses. “Acho grave quando um político aconselha os seus próprios cidadãos a procurar trabalho fora do país. Emigrar é e será sempre um ato de desespero. Só se não existirem condições para trabalhar cá, é que as pessoas devem tomar essa opção”.
O cantou revelou ainda que, nos últimos tempos, tem recebido várias cartas dos fãs com pedidos de ajuda. “São testemunhos de desespero e casos dramáticos. Procuro responder a todos e sensibilizar a sociedade a ser mais solidária. Aprecio muito aqueles que fazem voluntariado e profissões como os bombeiros que deviam ser pagas. O Estado devia estar mais presente para ajudar as pessoas”, concluiu.
6 Perguntas Rápidas
Dá conselhos aos seus filhos sobre a carreira deles? Nunca. Só se eles me pedirem. Tenho ideias para a minha carreira e não quero que sejam uma imitação de mim. Já existem outros assim. Prefiro que criem a sua própria personalidade.
Se não fosse a música, qual seria a profissão de sonho? Tenho uma grande paixão pelo futebol. A sensação de jogar em grandes competições e marcar um golo deve ser extraordinária.
Quem gostaria de entrevistar um dia? José Sócrates ou Miguel Relvas.
Que concerto não teve oportunidade de assistir? Gostava de ver um concerto ao vivo do Carlos Santana. Comecei a ouvi-lo com 14 anos e ainda gostava de o ver em palco.
Já teve propostas para participar em cinema? Sim, mas nunca aceitei porque sou um mau ator. Só me arrependi uma vez, porque era uma grande produção. Também já me convidaram para um filme autobiográfico, mas ainda sou muito novo para isso.
E convites para a política? Já tive, mas não me meto nisso. Sou um profissional de música e estou disponível para cantar onde me contratarem, qualquer que seja o partido. Mas não me verão a dar a cara por um político. Não me acredito nesta classe.
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