Deparei com uma interessante entrevista ao jornalista Enrique Lavilla, da Vozpópuli e que também já trabalhou no El Mundo, sobre o efeito Twitter na Comunicação Social. A velocidade das mudanças tecnológicas é cada vez maior e os media não querem ficar para trás. Incorporam tudo e mais alguma coisa, desde os iPads ao Facebook e Twitter, chegando mesmo aos blogues.
O que nos diz Lavilla? Não é o Twitter que converte algo em viral, mas sim os utilizadores que fazem circular a informação e os meios de comunicação social que a difundem. A trivialização da esfera pública é um dano colateral produzido pela apropriação massiva das plataformas de comunicação pública geridas autonomamente por cada um. Mais importante: Perante este fenómeno, os meios de comunicação têm de escolher entre converter-se em porta-vozes da mediocridade ou, alternativamente em mediadores eficazes do conteúdo de qualidade que também circula nas redes. Vale a pena ler o artigo original de Lavilla que deu azo a esta entrevista (Twitter: el "reino de lo emergente" que marca el paso a los medios de comunicación).
De uma forma menos estruturada, uma reflexão semelhante já me tinha assaltado após assistir em várias ocasiões a um determinado programa desportivo na RTP. Nesse espaço informativo, Álvaro Costa surge do além para ir relatando aos comentadores honoris causa residentes o que se está a dizer nas redes sociais sobre este e aquele assunto. Como diz um conhecido meu, o Twitter é o café e o Facebook é o Pub (nunca lhe perguntei se ele achava que o blogue é um restaurante ou um hotel). Ou seja, a conversa de café é rápida e superficial e o Twitter suporta poucos caracteres para expressar um qualquer pensamento.
É verdade que em ocasiões determinadas são os próprios media que entram pelo café adentro para saber o que o Manel e a Maria pensam sobre o aumento de impostos ou sobre o resultado de Portugal contra a Rússia no apuramento para o Mundial do Brasil. Chama-se a isso reportagem ou apontamento de reportagem. Algo diferente é a banalização de projetos mal acabados de opiniões, impressões ou estados de alma de cidadãos que no Twitter ou até no Facebook podem nem assumir a sua verdadeira identidade. Está-se a dar voz a uma sociedade sem rosto. Não é a Maria nem o Manel.
Acho que o afã de ser atual contagiou os media e poderá estar a levá-los a esquecer o seu papel de mediadores e gestores da produção de uma informação de qualidade, pilar fundamental para erigir com bases sólidas uma sociedade mais democrática e menos desigual. Querem os media ser porta-vozes da mediocridade e do banal?
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